quinta-feira, 20 de setembro de 2012

BIDI - 17-09-2012

Rendo Graças ao autor desta imagem
 
 
 
 
BIDI
17/09/2012
 
 
E bem, BIDI está convosco.
Eu os saúdo e nós vamos trocar.

Então eu os escuto.

Questão: como conduzir eficazmente uma refutação sem que o ego encontre estratégias para evitar a implementação da mudança de olhar e o que isso pode implicar?

O princípio da refutação consiste simplesmente em refutar o que é efêmero, como já tinha dito. Fala com o teu ego e pergunta-lhe se ele é capaz de se manter além, do Efêmero. Que persistência é a sua, além daquilo que é nomeado a morte? O que resta dele? Capitular não é rejeitar.

O princípio da refutação, neste caso, aplica-se exclusivamente à noção de Efêmero. Seja qual for o ego, seja qual for o poder, seja qual for o saco de comida, seja qual for o saco de pensamentos, esse desaparecerá, a um dado momento.

Ver claramente e ver isso é um grande passo em direção à Libertação. O ego só se mantém pelo princípio duma crença, que é a persistência além do desaparecimento do saco de pensamentos e do saco de comida. Logo que isto é aceito pela consciência, o ego não pode, cada vez menos, interferir na progressão da consciência, ela mesma, para chegar, à a-consciência.

Assim então, fazer o ego aceitar seu princípio de não-permanência é um passo essencial. Isto não deve ser problema. Basta simplesmente recordar-se, para onde apontar o seu nariz, é efêmero. A aceitação do efêmero do ego é, em essência, a via real permitindo revelar aquilo que é Eterno.

O ego não pode desaparecer enquanto os sacos estiverem aí. É simplesmente esta mudança de olhar e de ponto de vista, que não tem nada a ver com uma compreensão ou uma aceitação intelectual mas bem, realmente, o que isso significa. Isso depende de onde, tu, te colocas. Colocas-te no seio do ego? Recorda-te que a característica essencial do ego é este ponto de vista efêmero que se crê Eterno.

A partir do momento em que a refutação e a consciência identificar esta noção e este princípio de efêmero, então isso deixa lugar, na totalidade, àquilo que tu És. Toda identificação àquilo que é efêmero, o que for (seja no seio duma relação, duma profissão, duma interação social), é efêmero. Aceitar isso não é uma restrição nem uma negação mas participa, efetivamente, do princípio da refutação.

O que há a refutar (e sobretudo hoje) é o que é efêmero pois, como vos dizem os Anciãos, as Estrelas, os Arcanjos, o que é efêmero acaba sempre. O que é efêmero? É o mundo, que não é mais que uma projeção, uma excreção do mental. Não existe, por princípio, senão pela presença da interação entre ilusões. Atualizar isso, é extrair-se a si próprio do princípio da adesão a um efêmero qualquer.

Não mais aderir ao efêmero, não é rejeita-lo: não há nada a rejeitar. A refutação não é uma rejeição mas uma compreensão (real, total, inelutável) da diferença entre efêmero e Eterno.


Questão: a etapa seguinte à refutação é o esquecimento do Si?

Esquecer-se a si mesmo, é a melhor forma de mudar de ponto de vista. Eu recordo-te que toda a pessoa, sobre esta Terra, é efêmera. Quando ela desaparece, não sobra estritamente nada, a não ser os seus feitos (inscritos numa memória, numa história) mas que não dizem respeito de modo algum à consciência. Mesmo o maior compositor de música não existe mais. O que existe, é o que nomeamos sua obra, porque ela é retomada como elemento de memória por todos que se servem dela. Mas esta memória jamais é viva. Da mesma maneira, quando pronuncio estas palavras “esquecer-se”, é mesmo para esquecer-se.

Tanto que, nos mecanismos da vida, estás identificado a ti mesmo, não podes ser Absoluto. Toda identificação é uma fraude criada pela excrescência do que é o mental. Excrescência que cada um mantém e que é nomeado o mundo, com um objetivo de melhoramento. E, como podem ver, não pode existir um melhoramento duma Ilusão qualquer já que a Ilusão se auto-mantém do fato mesmo da fraude, ou seja, de se crer eterna.

O que pode representar, para aquele que morre, a permanência duma obra, seja ela qual for? É a permanência da memória, a permanência das obras, que mantém a ilusão ela mesma. Esquecer-se a si mesmo, não é iludir-se e nem é iludir-se num jogo, duma interação qualquer. Ainda uma vez, isso não significa isolar-se numa gruta ou por fim a esse saco.

É simplesmente deixar esse saco agir, como tal, e mudar de olhar: de o ver agir. Isso é o verdadeiro desapego. Desapego mesmo em relação a uma obra porque, seja qual for a obra, se há este desapego, seja se há ego e há desinteresse, seja não há ego e a obra se cria de qualquer forma (pelo gênio ou pelo dom, seja qual for). É a implicação no seio da ilusão, de apropriação da sua própria obra como continuidade duma personalidade, que mantém os laços.

Falta-vos, como já foi dito, desapegarem-se do fruto das vossas ações. Isso não significa não agir, mas estar lúcido sobre essa atividade. Esquecer-se, não é mais colocar-se no interior da excrescência do teu saco. Para tanto, a excrescência e o saco não desaparecem mas é a consciência, num primeiro momento, que passa do limitado à Infinita Presença, que permite (mais facilmente, eu direi) o estado Absoluto: Parabrahman. Enquanto estiverem apegados a uma noção de posse, a uma noção de predação, como diz o Comandante, vocês não podem ser Libertados.

Como ele disse, aquilo que possuíres, vos possuirá, seja o que for que possuírem. Isto não faz mais que ilustrar o princípio da lei da Atração e Ressonância. Como podem estar Livres e possuir o que quer que seja? Isso não significa dar tudo. Não significa desembaraçarem-se de tudo que possuem mas bem não mais manter. Quando não se atêm mais a uma pessoa, um objeto, um bem, será que ele desaparece? Evidentemente que não. Mas o resultado é estritamente o oposto entre o possuir qualquer coisa e não possuir mais.

Não vos é pedido, dentro do princípio da refutação ou de esquecimento de fazer desaparecer tudo o que está sob seus olhos mas estar lúcido sobre o que vos possui, e que de fato acreditam possuir. Esta é a grande diferença. O ego vai acreditar que é preciso mudar de profissão, abandonar toda atividade. Isso nunca foi dito. Isso, é o que o ego vos fez crer.

É preciso estar desapegado do fruto das vossas ações, sejam quais forem, porque eu lembro-os que há o que foi denominado a Inteligência da Luz. E portanto uma Intenção e uma Atenção, se estão Abandonados à Luz, se abandonam o Si, a simples Intenção permite a concretização. Mas vocês não são mais afetados, nem no bem, nem no mal, pelo resultado da vossa ação.

Esta tomada de distanciamento é o resultado da refutação ou do esquecimento do Si. Enquanto vocês possuírem seja o que for, relativo à vossa identidade que é efêmera, vocês se enganam. Enquanto vocês acreditarem que têm um caminho a percorrer, vocês enganam-se a si próprios. Acreditar que há um caminho, é já colocar uma distância. É inscrever uma meta no efêmero da vossa vida. Aquilo que vocês São não precisa de meta, não precisa de caminho, mas simplesmente de ser reconhecido. Aí está a refutação.

Nunca vos foi pedido (salvo para o ego) abandonar fosse o que fosse que não vocês mesmos. Isso é o que permite a Infinita Presença e desenvencilhar-se de tudo o que é ilusório e efêmero, como elemento que os mantém dentro duma ilusão. É o ego que vos vai fazer acreditar que não podem mais possuir um objeto ou uma pessoa, e que cria o sentimento de falta ou medo da falta.

Quando vocês são o que São, isso não pode surgir, nem mesmo aflorar. Isso é o verdadeiro desapego e não naquele que vai refugiar-se numa gruta. Ele estará ainda mais apegado que os outros: à sua gruta. É um erro.


Questão: Poderia dar indicações práticas para viver o esquecimento do Si?

O esquecimento do Si é não ver mais as coisas de maneira projetiva.

Nada mais possuir permite possuir tudo e ser tudo. Enquanto houver, como já disse, uma projeção, uma apropriação do que for, vocês não são Livres, porque toda apropriação, mesmo a mais agradável, vos remete necessariamente ao efêmero.

Enquanto acreditarem que há um caminho, enquanto acreditarem que há um corpo, enquanto acreditarem que há os chacras, enquanto acreditarem que há uma Kundalini, vocês não passam do efêmero. Como já disse, o que se torna vossa Kundalini quando esse corpo não existir mais? O que se tornam vossos chacras quando morrerem? Como podem vocês reivindicar uma Libertação qualquer, em relação, à abertura do que quer que seja, uma vez que estão além do fechamento e da abertura?

É o ponto de vista que é preciso mudar. Sair de vós próprios não é rejeitar a vida mas é compreender e capturar o sentido do efêmero. Quando a consciência desaparece, quando este corpo desaparece, quando este saco mental desaparece, vocês desaparecem? A verdadeira questão é essa. O que desaparece e o que permanece? Ponham-se a questão.

Uma coisa é certa, é a de que, quando dormem ou quando morrem, o mundo desaparece totalmente para vocês. Aí se situa a verdadeira abordagem da refutação e do esquecimento. Tudo o que possuem, um dia ou outro, vos possuirá. É inelutável, o fato mesmo da lei da Atenção e da Intenção. Porque aquilo que vocês possuem procede duma marca. Esta marca de possessão ou apropriação foi nomeada linha de predação. Enquanto existir a menor linha de predação, não podem ser Livres. É uma ilusão e uma fraude. A única forma de serem Livres, é estarem desapegados. Mas desapegado não significa rejeitar ou fechar-se em algum lugar: é ver claramente as coisas. E isso associa a refutação de tudo o que é efêmero. Este corpo é efêmero, esta pessoa é efêmera.

O que vocês São, é eterno. É preciso assim distanciar-se do que é efêmero. Isso trata de se perguntarem: quem vos comanda? Quem vos dirige? Quando compram um automóvel, ele pertence-vos mas jamais vos passaria pela cabeça identificarem-se a esse automóvel. É preciso agir de igual modo com tudo que crêem possuir e isto, a todos os níveis. Mas nunca vos foi pedido que deixassem marido e mulher, ou filho: é uma inépcia, é um absurdo.

O apego resulta diretamente do efêmero.


Questão: Qual é a relação entre Atenção / Intenção e Atração / Ressonância?

A Intenção precede a ação. Quando agem, no seio deste saco, definem uma Intenção. O problema, é que se identificam a esta intenção: casar-se com tal pessoa, conseguir tal atividade, tal profissão ou tal relação. A Atenção é para o que se dirigem, em consciência, para realizar satisfatoriamente uma Intenção e uma Ação.

Daí resulta a Atração e a Ressonância. Mas a Atração e a Ressonância podem ser decorrentes, justamente, da Atenção e da Intenção mas vão depender também da qualidade da vossa Atenção e da vossa Intenção. Em se abandonando à Luz, em abandonando o Si, é preciso definir uma Atenção e uma Intenção mas não mais se preocupar e deixar trabalhar a vida, ela própria.

A vida agirá sempre melhor que o ego: é uma característica fundamental. A Atração e a Ressonância vão manifestar, no seio da ilusão, aquilo a que se opõem, ou aquilo em que projetaram uma Intenção e uma Atenção. Mas, definitivamente, qualquer que seja o resultado (que culmine as vossas expectativas ou que seja o oposto às vossas expectativas), não devem estar preocupados nem por um nem por outro.

Enquanto se sentirem preocupados, vocês colocam-se irremediavelmente no efêmero. O Observador não se preocupa absolutamente pela direção dum resultado. Ele registra simplesmente, como a câmera, o que se desenrola. Será que o funcionamento da câmera é afetado pelo cenário? Felizmente que não.

E vocês, enquanto Observador, se são afetados pelo resultado, não são Livres. A câmera filma, sem perguntar a vossa opinião. O Observador olha. Colocar-se ao nível do Observador, é desde já sair da Ação / Reação, da Dualidade e não estar mais submisso ao que quer que seja relativamente a este mundo. Não há outra forma de ver a Ilusão deste mundo.

Existe um momento, visível, onde o Observador ele próprio (ou a câmera) desaparece. O que se passa nesse momento? Nada mais é registrado. Não há mais mundo, não há mais Observador: há o Absoluto. Enquanto persistirem na observação, enquanto persistirem na Ação / Reação, não podem ser Livres. As leis da Ação / Reação, as leis do Observador e do Absoluto não têm nada a ver uma com a outra, mesmo se o Absoluto inclui tanto o Observador como a cena de teatro.

Toda ligação a um Eu, a uma observação, a um resultado, cria uma distância ao que vocês São. É o ego que acredita sempre que há um objetivo a atingir, um caminho a percorrer. Enquanto não virem isso claramente, não podem ser Livres. Pode dizer-se que não podem reivindicar a Liberdade e agir como os seres que evitam a Liberdade. Em resumo, a sede de Liberdade e de Libertação afasta a Libertação porque esta sede, ela própria, coloca uma distância, que não existe, salvo para o ego. É um estratagema do ego e do Si.


Questão: Qual é a diferença entre Infinita Presença, Última Presença e Absoluto?

A Infinita Presença e Última Presença são o que se pode chamar, do ponto de vista da Unidade, do Si, como um momento de basculamento, onde a consciência se prepara para diluir-se e desaparecer ela própria. O Absoluto vos desidentifica dum corpo, dum mental, duma identidade, dum mundo.

Eu relembro-os que nada pode ser dito do que vocês São, porque dizê-lo é já estar fora. Aquele que vive o Absoluto, o sabe instantaneamente, porque ele não está mais identificado ao que quer que seja, nem a este mundo, nem a um corpo, nem a um saco de pensamentos.

Mas este Absoluto com forma sabe que este corpo deve viver e conduzir suas experiências, mas não é afetado, de nenhuma forma, seja pelo que for. Ele é realmente Livre, chegue o que chegar a este saco, chegue o que chegar a este mundo. Se vocês são afetados pelo que chega a este corpo, a este mental, a esta identidade ou a este mundo, não são Livres.

Quando vocês são Livres, sabem-no instantaneamente porque reencontram a vossa natureza, Real e Eterna. Enquanto se puserem a questão, é porque não o são, porque a Liberdade não pode ser possuída, de nenhuma maneira. É qualquer coisa que está já aí, que nunca se moveu, e que se moverá jamais. São vocês que se distanciam.

Pouco importam os motivos porque mesmo que se descubra o motivo, não resolve nada. Explicar como funciona um órgão, não resolve nada, mesmo que possamos trazer uma solução ou uma terapia. Isso permanecerá na ordem do Efêmero porque este órgão desaparecerá também, no momento em que esse corpo desaparecer. Este saco de comida alimentará a Terra, pensem o que quiserem.


Questão: Poderia redefinir o que é a Última Presença e a Infinita Presença?

Mas acabei de o fazer: é o momento em que a consciência sente o seu próprio desaparecimento. É o momento em que a consciência do Si (dito realizado) bascula. Se me posso exprimir assim, é o momento em que o espectador que olha a cena de teatro, se apercebe que ele pode levantar-se da sua cadeira, sair do teatro e ver que ele esteve sempre ali. Isto não é uma definição, é uma localização.

Enquanto estiveres dependente de definições, tu te distâncias. Nenhum conceito mental, nenhuma explicação (científica, religiosa, mística) pode dar-te a ver aquilo que tu És. É tudo isso que, justamente, convém deixar. Querer apropriar-se do que tu És, é impossível. Querer compreender o que tu És, é ainda mais impossível. Somente aquele que é Absoluto, vive isso. Não pode existir nenhuma dúvida para aquele que é Absoluto, porque ele sabe que o É, que existe, além de todo corpo, de todo conceito, de todo mundo, de toda forma, de toda Dimensão.

Enquanto existir uma vontade de compreensão ou de possessividade ou de explicação, tu permaneces no limitado. É justamente o momento em que tu decides abandonar todos os conceitos, todas as identificações, todas as concepções e todas as projeções, que tu podes realmente sair do teatro. Enquanto estiveres no teatro, não terás nenhuma resposta, tanto como o espectador (Observador), como aquele que acredita desempenhar um papel.

O Absoluto é a-consciência. É por isso que trouxe o melhor exemplo: é o momento em que há o sono sem sonho. Onde estás neste momento? Quem és tu neste momento? Quem pode responder a isto? Enquanto existir uma pessoa é impossível de responder. É preciso deixar tudo e, ainda uma vez, nada entender sobre o sentido da palavra “soltar”.

Trata-se simplesmente de soltar tudo aquilo que possuem. E sair de toda identidade, de toda identificação, de todo papel, de toda função, de toda questão. Não podemos dizer nada sobre o Absoluto mas aquele que vive o Absoluto não está mais condicionado, nem pelo mundo, nem por uma forma, ele compreendeu o embuste, não tanto como explicação mas ele entendeu e ele viu que mesmo a consciência do Si é um embuste.

Mas, para isso, é preciso mudar o ponto de vista, mudar o olhar, esquecer toda definição do Si ou do mundo. Em outra linguagem, poderíamos chamar isso Renascimento mas não o Renascimento para estar confinado, mas para estar, justamente, jamais confinado no que quer que seja. Ora, enquanto existir uma forma, uma Dimensão, um sol, um planeta: há uma forma. Vocês não podem, nem com o ego, nem com o Si, apreender isso. No máximo o Si compreende a ilusão temporal mas não resolve nenhuma ilusão espacial. O Absoluto não está nem no espaço, nem no tempo, nem mesmo localizado.


Questão: é agradável ser Absoluto?

Este gênero de questão não se justifica. Para aquele que é Absoluto, mesmo no seio duma forma, a palavra “agradável” não representa nada. Tudo o que sai dum tempo, tudo o que sai duma forma e dum espaço, vive o que foi nomeado, pelas Estrelas: Shantinilaya.

É bem mais que agradável ou desagradável: é a Verdade, a única. A noção de agradável faz referência a uma emoção do corpo de desejo. Nenhum qualificativo pode tentar aproximar o Parabrahman, mesmo com uma forma. Até a expressão Shantinilaya, com a palavra Morada, é, para vocês, demasiado limitante, porque não há Morada, nem onde morar.

Mas a expressão é certamente o mais aproximado desta Verdade. Eu tinha-a nomeado, os Pés do Senhor. Mas, aí também, não há pés, nem Senhor. É uma metáfora. Porque enquanto existe uma forma, é melhor que esta forma possa (pela via metafórica, sugestivamente, de alguma forma) procurar traduzir o que é o Parabrahman, sem que nada possa ser dito.

Mas, ainda uma vez, aquele que é, o sabe, porque vocês reencontram a vossa Real natureza, não antes. Mesmo o Si (se posso me exprimir assim), em relação ao Absoluto, é uma fraude. É uma contemplação, uma auto-satisfação, sem nenhum senso, saído do efêmero.

O que se torna a Realização quando a pessoa não está mais aí? O que resta? Nada, exceto a história ou a memória, que vai ser em seguida transformada, obviamente. O Absoluto não é nem agradável, nem desagradável: é a essência da Verdade.


Questão: Entre a consciência na personalidade e a consciência no Absoluto, o que é contínuo e o que é descontínuo?

Mas a consciência da personalidade é descontínua. A única coisa contínua é o que nunca se mexeu: é o centro de todo centro, presente em tudo. Somente o movimento é existência, projeção, exteriorização, tomada de forma, qualquer que seja a Dimensão.

O Absoluto não faz caso disso tudo. Ele não depende de nenhum tempo, nenhum espaço, nenhuma Dimensão, nenhuma forma, nenhuma apropriação, de nada que possa ser conhecido.

Vocês não conseguem dar-se conta do que vocês São. Vocês não podem imaginá-lo no início de um caminho, porque não há caminho, não há estrada. Há o que É, antes que esta excrescência, este saco de comida, este saco mental aparecem: isso é o que tu És. Todo o resto é descontínuo, efêmero, ilusório, enganador.

Não existe, para o Absoluto, nenhuma representação possível, porque toda representação (qualquer que seja o suporte disso) é ilusória. Como eu já disse: tenta encontrar o que tu Eras antes mesmo que o sentido do “eu” aparecesse, há três anos. Neste momento, isso não será mais uma lembrança, nem uma reminiscência, mas a Verdade.

Não esqueça que todo conhecimento, sobre esse mundo, é ilusório. Como eu o disse: todo conhecimento, tal como vocês o chamam, é apenas uma ignorância, porque aquele que é Jnani sabe pertinentemente o que ele É e ele vê o jogo ilusório de todos os sistemas de conhecimentos (científicos, morais, sociais, psicológicos) nos mecanismos íntimos deste saco, como desse saco chamado Universo. É uma ilusão. Vocês não podem compreender isso, vocês não podem apreender.
O único modo é a refutação: extraírem-se de todas as ilusões, sem rejeitar. Refutar não é renegar. Refutar é ver além do que os olhos dão a ver, além do que o mental compreende, além do que a própria consciência pode viver.

Enquanto vocês jogarem o jogo da consciência, vocês não poderão ser a-conscientes. A consciência é uma projeção. A consciência (lhes foi dito) é uma Vibração.

O Absoluto não é nenhuma Vibração, do mesmo modo ele não é nenhuma consciência. Isso é Parabrahman, é anterior à criação desse mundo, como desse corpo, como de toda vida. Isso é a verdadeira Vida. Aquele que sabe e descobre que nunca se mexeu, que sabe que ele sempre esteve aí; para isso, é claro, é preciso sair de todo efêmero, no sentido de “sair” que é extrair-se de todas as ilusões. Mas toda vontade de ação contra a ilusão, mantém a ilusão. É por isso que não pode haver nenhum caminho.

A própria concepção de caminho é uma ilusão. Será que vocês se questionam, quando dormem, do que vocês São? Será que permanece qualquer coisa, no nível do efêmero, desse sono sem sonho? Mesmo aquele que é Turiya mantém a ilusão, mesmo no Samadhi, porque ele recusa aniquilar-se: ele quer manter uma perenidade ao que é ilusório. É impossível. Somente reencontrar o que tu nunca deixaste, o que tu És (além de toda forma e de todo o mundo), te libera. Todo o resto te confina em níveis, como se pode dizer, mais ou menos agradáveis.


Questão: Por que o Absoluto permitiu todas essas experiências, acima de tudo, penosas?

Mas, ele não permitiu nada. Ele É, de toda Eternidade.

Toda experiência, mesmo penosa, é efêmera. São os próprios mecanismos da consciência que criam a exteriorização, a projeção, a ilusão. Enquanto tu acreditas que é penoso, tu estás submissa a isso. O Absoluto não é concernido nem pelo penoso, nem pelo leve. Ele contém tudo, ele suporta tudo, mas ele não é concernido. É a consciência que está concernida.


Questão: Qual é a natureza da Consciência em relação ao Absoluto?

Mas eu acabei de dizer: é uma projeção, em uma forma ou em um espaço, em um tempo ou em uma Dimensão. É uma experiência. Mas o Absoluto não tem nada a ver com a experiência: ele nunca se mexeu. Tu não podes definir o Absoluto, nem mesmo tentar defini-lo em relação à consciência. Enquanto houver a consciência, há a ilusão.

O Absoluto não se apropria, e eu posso mesmo dizer que ele não é descoberto, uma vez que ele sempre esteve aí. Foste tu que te afastaste. Enquanto houver a consciência (limitada ou ilimitada), há a identidade, há a projeção, há o agradável e o desagradável, há a experiência, há o tempo, há o espaço, há a Dimensão.

Mas, o Absoluto não está concernido nisso. Enquanto tu acreditas ter uma identidade, em uma pessoa, tu estás apegada a esse corpo, tu estás apegada a esta consciência.
Aquele que é Absoluto está Liberado de todas suas crenças, de todas suas experiências, de todas suas ilusões, inclusive das dos outros.

O Absoluto não é nem uma criação, nem uma re-criação, nem uma descriação. Ele não é concernido pelo movimento, nem pelo tempo, nem pelo espaço, nem pela consciência. Ser Absoluto, em meio a uma forma, é o momento em que não existe mais percepção, concepção, nenhum senso da menor identidade, nem da menor palavra.

Aquele que o vive, sabe. Em nenhum momento ele terá dúvidas. Porque ele reencontrou o que nunca perdeu e o que ele sempre foi. Somente a consciência joga a querer compreender ou a querer viver qualquer coisa.

Enquanto existe esta vontade de viver qualquer coisa, existe uma distância que é posta, totalmente ilusória, mas que é vivida como real pela consciência; seja ela dividida ou Unificada. É preciso cessar todo “eu”, toda identidade, toda experiência. Não as interrompendo, pois se tu interrompes (por uma vontade qualquer) a experiência, tu a reforças, em um outro tempo, em uma outra forma.


Questão: Se a consciência é projeção, ela é uma projeção do Absoluto?

Mas o Absoluto não pode se projetar, uma vez que ele é Absoluto.

Questão: Então, de que a consciência é a projeção?

Dela mesma. Da Fonte. Da Unidade. O Absoluto não é concernido por nenhuma consciência. Somente quem o É, o sabe. Porque não há mais nenhuma dúvida, não há mais nenhuma questão, nenhuma interrogação. Ele não está mais localizado em uma consciência, um corpo, um mundo, uma Dimensão, um estado ou o que quer que seja.

O problema é que a consciência (qualquer que seja, separada e dividida, ou Unificada) definir-se-á sempre em relação a ela mesma, em relação a uma percepção, em relação a uma concepção, em relação a uma vivência. O Absoluto não é concernido por isso. Somente aquele que se extrai de toda manifestação, de toda consciência, projeção, identidade, mundo, tempo, espaço (em suma, de tudo o que pode ser reconhecido ou conhecido), é Absoluto. Mas enquanto tu permaneces na consciência, apegado a ela (seja ela Unificada ou dividida), o Absoluto permanece inacessível a ti. E, entretanto, é o que tu És.


Questão: O que são a Fonte e a Unidade em relação ao Absoluto?

O Absoluto contém (se posso me expressar assim) a Fonte e a Unidade. Mas, a Unidade e a Fonte não são o Absoluto. Eles são uma emanação dele, uma conscientização, uma localização, no espaço, nas Dimensões. Mas, o Absoluto não é um espaço, nem um tempo, nem uma Dimensão. Tu não podes te apropriar dele, nem em conceito, nem em percepção, nem em Vibração. É justamente quando cessa tudo isso que tu És Absoluto.

Questão: Em que o Absoluto teria “necessidade” de emanar?

Mas o Absoluto não precisa de nada, uma vez que ele É, de toda Eternidade! Ele próprio subentende a emanação. Ele não é a Fonte, ele não é a Unidade, mas ele o permite porque ele É (não por uma ação).

Enquanto houver a ação, há o tempo, espaço, Dimensão, identidade. Mas nada disso é Absoluto. Tu não podes compreender o Absoluto. É desde o instante em que tu aceitas que não há nada a compreender, nem nada a apreender, nem nada a experimentar, nem nada a conscientizar, que tu És Liberado.


Questão: Como o Absoluto pode aparecer ou se desvelar, em um momento antes que em outro, sabendo que o tempo não existe nem para ele?

Mas o Absoluto não tem que aparecer, uma vez que ele sempre está aí. Como ele poderia aparecer? Nem se desvelar. É a tua consciência que se afastou ou que se crê afastada. Ainda uma vez, o Absoluto não é uma experiência, nem um tempo, nem um estado. Aquele que é Absoluto o sabe. Porque toda projeção, toda consciência, toda identidade, todo tempo, todo espaço desaparece, uma vez que é efêmero.

É o momento em que não há mais nenhuma percepção. Este momento não é um momento, porque vivendo-o tu te apercebes que isso sempre esteve aí. Como poderia ser diferente? Não há um momento em que alguma coisa se desvela, em que alguma coisa aparece. Isso é um ponto de vista exterior.

Esta a-consciência se desvela a ti no momento em que toda consciência cessa, toda identidade cessa, toda forma cessa, o mundo cessa: o que a personalidade chamaria o nada. O que a consciência da Unidade, ou o Ser Realizado não pode ver, pois que ele está imerso na Luz.

Porém estar imerso na Luz não é Ser a Luz. Isso ainda seria uma tomada de forma, ainda uma identidade. É o estado além de todo estado, Parabrahman, Absoluto, Liberado Vivente, estar presente de toda Eternidade; não tem nada a ver com a Fonte, com uma Dimensão, com uma forma, com um corpo ou com uma consciência. Isso é o que tu És. Mas tu não podes te apropriar do que tu És. Tu não podes ver o que tu És. Tu não podes compreender o que tu És.

Eu repito que não há outro modo de chegar a isso a não ser pela refutação, o Abandono do Si, o que eu chamei “esquecer-se de si mesmo”. Tu não podes estar localizado ou identificado e Ser Absoluto. E, entretanto, isso é o que tu És de toda Eternidade, de todo tempo, de todo espaço, de toda Dimensão, além de qualquer corpo. Aquele que é Absoluto vive-o enquanto experiência ou estado. Ele o vive como a única Verdade, muito além de sua pessoa, muito além desse mundo, muito além de sua própria consciência.


Questão: A refutação seria aceitar o inaceitável para bascular alhures imediatamente?

Mas não há alhures: é uma ilusão da própria consciência, do ego que tem medo. Porque o ego nomeará isso o nada. Ele nomeará isso o Absoluto: absurdo. Porque a consciência só pode se definir através de uma projeção, de uma identidade, de uma Dimensão, de coordenadas precisas. Não há alhures.

Vocês não podem, de maneira nenhuma, representar para si o Absoluto.
Enquanto existir uma vontade de representação, de comparação, de identidade ou identificação, vocês se enganam a si mesmos.

Lembrem-se: o que se torna esse saco de comida quando ele desaparece? O que se tornam seus pensamentos quando o saco mental desaparece? Vocês sabem? Vocês não podem sabê-lo, e, entretanto, está aí. Sempre esteve aí, independentemente desse saco, independentemente desse mundo, independentemente desse universo.


Questão: os Anciões, as Estrelas, os Arcanjos têm, entretanto, uma identidade?

Não há identidade alguma. Existem elementos efêmeros, arranjados por uma razão precisa, quer se chamem Anciões, Estrelas ou Arcanjos. Nomear é já não ser Absoluto. Há a identidade, mas vocês não são limitados por uma identidade.

Quando os Arcanjos lhes dizem que eles estão em vocês, eles estão. Onde é o local, em ti, em que estão os Arcanjos? Enquanto tu estiveres em uma consciência projetada, tu não podes vê-lo. Um Arcanjo, um Ancião não é tributário de uma forma, nem de um tempo, nem de um espaço, nem de uma localização. É a Consciência limitada de vocês que se imagina que é assim, no ilimitado.

Porque a consciência de vocês, na personalidade, necessita a presença de uma forma, de um tempo, de um espaço e de uma Dimensão. Vocês não são nada disso. No Absoluto tu podes ser qualquer forma, qualquer Dimensão, qualquer espaço, qualquer tempo, qualquer representação, qualquer projeção, e ainda assim, não ser nada disso. Nenhuma consciência pode apreender isso.

E o obstáculo é justamente a consciência. Uma vez que a consciência só pode funcionar através de um distanciamento e de uma separação (entre um Arcanjo, um Ancião, uma Estrela, um corpo, um gato, um cão), vocês estão submetidos à ilusão da forma. Mas, se tu restabeleces, pouco a pouco, a matéria (como vocês dizem) que constitui um gato, é a mesma que constitui um homem, um átomo, um universo.

É justamente um aspecto da forma, é justamente uma consciência diferente. Mas nada disso é Absoluto e É, entretanto, Absoluto.
Enquanto houver dependência, enquanto vocês forem tributários de uma definição, de uma forma, de uma consciência, vocês não são Livres.

Questão: Você poderia desenvolver sobre o princípio da investigação?

A investigação consiste em ver claramente o que é ilusório, o que é efêmero, o que é atribuído a uma forma, a um pensamento, a uma ideia, a um mundo. Ela é destinada a mostrar tudo o que é efêmero. Tudo que é evidente, tudo que é compreensível, é efêmero.

Não há questão “quem eu sou?”, uma vez que vocês são o Absoluto. Perguntar “quem eu sou?” já é uma exteriorização. O “Eu Sou” é, certamente, uma primeira etapa. O “Eu Sou Um” é uma vivência da Unidade da consciência. Mas, são apenas etapas. Porém, essas etapas não são lineares, nem hierárquicas, nem valorizadas.

Não se deve conceber o Absoluto como uma finalidade. Não pode haver finalidade nele. Isso é o que vocês São, de toda Eternidade. Porém, ainda uma vez, enquanto não há o Abandono do Si (esse famoso inaceitável) vocês não podem encontrar, realmente, o que vocês São. E, uma vez mais, o termo “encontrar” não quer dizer nada, uma vez que isso não pode ser encontrado.

É todo o resto que deve ser refutado, enquanto efêmero, ilusório, tributário de um elemento ou de outro, de um tempo ou de um espaço, de uma forma ou de outra. O problema da consciência é que ela funciona, mesmo em Unidade, como uma forma de distância.

A Unidade põe fim ao distanciamento, mas não põe fim à forma e ao distanciamento das formas. Aquele que está em Unidade, no Si, pode Fusionar com o Sol, com um Arcanjo, tornar-se esse Arcanjo: mas ele ainda tem uma forma. O Absoluto não tem nada a ver com esses jogos. Ele é o Centro, presente em tudo. Mas, uma vez mais, vocês não podem apreendê-lo de modo algum. Ao contrário, vocês podem ver claramente, compreender e entender tudo o que é efêmero. Aqui está a refutação, aqui está a mudança de ponto de vista, de olhar. Não antes.


Questão: O Absoluto seria também o fim das palavras, da fala?

Mas a fala só existe nesta Dimensão em que vocês estão. Em Dimensões que vocês chamam Unificadas não existe a palavra: há a Radiação e a Vibração. A palavra é uma divisão, uma projeção, um conceito adaptado a um determinado mundo, do mesmo modo que o olho está adaptado a este mundo.

Mas, a partir do momento em que vocês veem além da Ilusão, para que serve o olho, exceto para esse mundo? Será que vocês creem ter olhos quando estão mortos? Um cérebro? Uma bomba cardíaca? Deem-se conta da estupidez. Vocês projetam quadros de referência a partir de onde vocês estão. Isto é estúpido porque vocês partem do princípio que o que vocês experimentam, o que vocês vivem, continuará depois. Isto é Ilusão.

Quando vocês não tem mais forma, quando o saco de comida desaparece, quando o saco mental desaparece, o que é que resta? Nada. Será que vocês precisam de senso para ver, para ouvir, para tocar? Absolutamente não. Então, vocês vejam bem que o modo de ver e de perceber de vocês está ligado à sua condição atual. E que esta condição os leva a colocar o princípio de uma continuação que só existe no mental.
Quando o saco de comida retorna à terra, o que é que vocês levam? Reflitam. Vocês não têm a resposta: não podem ter. Vocês não levam nada. Ora, a personalidade e o Si, vão, os dois, negar esse princípio e se declarar imortais.

O que é que resta quando vocês desaparecem? Vocês não levam nem seus olhos, nem seu coração, nem suas mãos, nem seus pés, nem seus sentidos. Então, o que resta do que vocês conhecem? Estritamente nada. Vocês têm uma resposta a isso? Vocês não podem ter; é como para o Absoluto.


Questão: Por que alguns refutam tudo após uma tragédia e outros após uma forma de ascese alegre?

Mas isso não faz diferença alguma. É preciso compreender e aceitar que, para uma forma efêmera que é esse saco (mental ou de comida) não há nada pior que seu próprio desaparecimento.

Porque isso o põe face à fatuidade de suas crenças, à fatuidade de sua imortalidade: e é certamente o choque mais importante. Porque é somente nesta situação de choque que vocês se dão conta que tudo isso é uma tragédia, mesmo alegre. Isso não quer dizer nada. Pouco importa o caminho: não há caminho. É apenas em uma forma de urgência, qualquer que seja esta urgência, que, quase sempre o Absoluto desvela. Porque vocês se desvelaram, vocês mesmos, na fraude. Enquanto o efêmero não for colocado, justamente, perante sua efemeridade, ele se crê eterno. E enquanto ele acredita ser eterno, ele frauda a si mesmo.


Questão: O Absoluto não tem nada a ver com o que quer que seja, em realidade?

O Absoluto não tem efetivamente nada a ver com o que quer que seja porque ele não é nada do que quer que seja. Enquanto tu acreditas que há qualquer coisa a fazer, tu te enganas, tu sustentas tua própria Ilusão. Todo problema vem da identidade a uma forma, a um saco, a uma vida, a uma ideia.

Enquanto isso existe, tu enganas a ti mesmo e não mudas o ponto de vista. Faz-te uma única questão, não de onde tu vens (porque tu vens de parte alguma), mas o que tu És quando tu dormes?

Enquanto teu ponto de vista está centrado em uma forma, em um tempo, em um espaço, em um destino, em uma história, em uma percepção; existe uma enganação. Nenhuma Verdade pode existir aí. E eu entendo por Verdade o que não é afetado nem por um tempo, nem por um espaço, nem por uma ideia, nem por um conceito, nem por uma percepção: por nenhum senso e por nenhuma consciência.

Aquele que é capaz, não de meditar, mas de não mais interferir com um corpo, com uma forma, com um mundo, com uma ideia, com um conceito, com um senso de propriedade, qualquer que seja, é Absoluto.

Ele não é mais afetado pela forma, ele não é mais afetado pelo mundo, mesmo se esta forma está submetida a ele.
É bem, pois, uma mudança de ponto de vista e de olhar: é a perda de toda vaidade, de todo orgulho, de se crer o que quer que seja.

Questão: O que é o Eterno em relação ao Absoluto?

O Absoluto É a Eternidade. A Fonte não é a Eternidade, uma vez que ela parte de um ponto, ela se nomeia: A Fonte. Todos os processos, espaciais e temporais, que vocês vivem (sejam as Vibrações, seja a percepção do que vocês nomeiam o Canal Mariano), têm um único objetivo: fazer cessar toda distância e toda separação.

Isso é a Eternidade. A Eternidade não repousa sobre nada de efêmero, sobre nenhum movimento, nem sobre um finito ou sobre um infinito, mas repousa sobre um indefinido. Isso não é a mesma coisa. Pois, desde que há o definido, finito ou infinito, definição, então há a separação.


Questão: Os protocolos cristalinos, os exercícios respiratórios que são propostos atualmente pelos outros intervenientes, são facilitadores no desvelamento do Absoluto?

Mas o Absoluto não pode ser desvelado! Tudo o que vocês utilizam (o corpo, os chacras, os cristais) são apenas diversões. De tanto se divertirem, chegará um momento em que o Absoluto se revela. Mas não são vocês que vão a parte alguma.

A Consciência (isso foi dito e repetido em todos os sentidos) é uma Vibração. No Universo, tudo é Vibração. Nas Dimensões, tudo é Vibração. Na Consciência, as consciências, tudo é Vibração. O Absoluto não é uma Vibração.

Mas é preciso que vocês experimentem o que são as Vibrações para se aproximarem da Infinita Presença. Tudo está em seu lugar.
Mas, se vocês fossem capazes de sair de toda identidade, efetivamente, vocês não teriam necessidade de nada mais: mas é instantâneo.

Ora, vocês recusam o instantâneo porque, para vocês, o instantâneo é efêmero, em seu ponto de vista. Eu bem falo do instantâneo e não do tempo presente. Ora, é justamente neste instantâneo (desprovido de qualquer percepção, de qualquer Vibração, de qualquer identidade e de qualquer mundo) que está o Absoluto que vocês São.

Mas, é mais fácil a um observador que observa o palco do teatro, de pensar em sair do teatro para ver que este não existe, que para aquele que atua na mesma cena sobre o palco. Porque este não pode conceber, imaginar, perceber ou encarar que isso não existe. Se vocês fossem capazes de dormir todo o tempo, sem sonho, sem morte, vocês seriam Absolutos, instantaneamente. É o que vocês São.

Toda a problemática decorre da consciência e da identidade. Ainda uma vez, lembrem-se que vocês estão condicionados por uma forma, vocês estão condicionados por um mundo. Mas vocês não são nem um mundo nem uma forma. É um erro de apreciação. Vocês somente poderão encontrar o que vocês São pela refutação.

É no momento em que cessa todo sinal, toda consciência, toda Vibração, toda percepção, toda identidade e todo o mundo, que vocês são Absolutos. É quando vocês percebem (e isso é uma metáfora) que, não tendo mais forma, não tendo mais pensamento, não tendo mais identidade, não tendo mais referência, não tendo mais consciência que vocês São, nesse momento, Absolutos.

Porém, enquanto existir a mínima referência, o mínimo senso de um “eu” ou de um Si, vocês não estão Livres, uma vez que vocês são tributários desse “eu”, desse Si. A instantaneidade não pode se encontrada nessas circunstâncias.


Nós não temos mais questionamentos, nós o agradecemos.

Então, BIDI os saúda. E eu os lembro que além da compreensão de minhas palavras faladas, existe um outro estado de compreensão que é ler. Mas eu não falo de compreender palavras, escutadas ou lidas, mas de ir além.

Eu tive a ocasião de dizer que, quando vocês não compreendem é já três quartos do trabalho de fato. O último quarto é compreender que não há trabalho.

Enquanto vocês compreendem, há apenas a ignorância porque toda compreensão se refere necessariamente ao que vocês conhecem. Justamente, é quando não pode existir a mínima compreensão, a mínima percepção, a mínima identidade, que vocês se aproximam de si mesmos. Isso não é um deslocamento.

Se vocês aceitam isso, vocês constatarão por si mesmos que não há nenhum trabalho, nenhum esforço. É o que eu chamo, sem cessar, mudar o olhar ou mudar o ponto de vista. Porque o ponto de vista de vocês, enquanto for definido pelo conhecido, o conhecível, o explicável (que os leva a uma experiência conhecida) restará e permanecerá sempre uma Ilusão.


Então, BIDI os saúda.
Até a vista.
 
 
 
 
Mensagem de BIDI,
pelo site Autres Dimensions
em 17 de setembro de 2012
 
 
 
 
 
Rendo Graças às fontes deste texto:
http://www.autresdimensions.com/article.php?produit=1603
Tradução: Margarida Antunes e Dionéia Lages
 
 
 
 

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