terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

"EU SOU AQUILO" - SRI NISARGADATTA MAHARAJ

Rendo Graças ao autor desta imagem
 
 
 
      ADVAITA VEDANTA    
 
“EU SOU AQUILO”
[TRECHO]

por
Sri Nisargadatta Maharaj


Onde está a necessidade de mudar o que quer que seja?

A mente está mudando de alguma forma todo o tempo. Olhe para sua mente desapaixonadamente; isso é o suficiente para acalmá-la. Quando ela estiver quieta, você pode ir além dela. Não a mantenha ocupada todo o tempo. Pare-a, e simplesmente seja. Se você der descanso à mente, ela se centrará e recobrará sua pureza e força. O pensar constante a faz decair.

Nada que você faça mudará a si mesmo, pois você não precisa de nenhuma mudança. Você pode mudar sua mente ou seu corpo, mas isso é sempre algo externo a você que foi mudado, não você mesmo. Por que se importar com toda essa história de mudança? Realize de uma vez por todas que nem seu corpo, nem sua mente e nem mesmo sua consciência é você e mantenha-se de pé sozinho em sua verdadeira natureza além da consciência e inconsciência. Nenhum esforço pode levá-lo lá, somente a clareza do entendimento. Não tente reformar a si mesmo, simplesmente veja a futilidade de toda mudança. O mutável mantem-se em mutação enquanto o imutável espera. Não espere que o mutável o leve ao imutável – isso jamais acontecerá. Somente quando a própria idéia de mudança é vista como falsa e abandonada, o imutável pode surgir.

As atividades da maioria das pessoas é sem valor, senão destrutiva. Dominado pelo desejo e medo, eles não podem fazer qualquer coisa de bom.

Os gurus estilizados falam de madurez e esforço, de mérito e aquisições, de destino e graça; tudo isso é mera formação mental, projeções de uma mente viciada. Ao invés de ajudar, eles obstruem. Não corra para a atividade. Nem aprendizagem nem ação podem realmente ajudar.

Não é o que você faz, mas o que você para de fazer que importa.

A atividade não é ação. Ação é oculta, desconhecida, inconhecível. Você pode somente conhecer o fruto. Ação não leva à perfeição; perfeição é expressa na ação. Há uma diferença entre trabalho e mera atividade. Toda a natureza trabalha. Trabalho é natureza. Natureza é trabalho. Por outro lado, a atividade é baseada no desejo e no medo, no desejo de possuir e desfrutar e no medo da dor e aniquilação. Trabalho é pelo todo para o todo, atividade é para si mesmo e por si mesmo.

Sua mente está estagnada nos hábitos de avaliação e aquisição, e não admitirá que o incomparável e o inobtível estão esperando eternamente dentro de seu próprio coração por reconhecimento.Tudo que você tem a fazer é abandonar todas as memórias e expectativas. Apenas mantenha-se pronto em total nudez e vazio. Não faça nada, apenas seja. Apenas sendo tudo acontece naturalmente. Seja nada, saiba nada, tenha nada. Esta é a única vida que vale a pena ser vivida, a única felicidade que vale a pena ter.

Você não pode fazer nada. O que o tempo traz, o tempo levará embora. Este é o fim da Yoga, realizar independência. Tudo o que acontece, acontece na e para a mente, não para a fonte do “Eu sou”. Uma vez que você realize que tudo acontece por si mesmo (chame a isso destino ou vontade de Deus, ou mero acidente), você permanece como testemunha somente, compreendendo e apreciando, mas nunca perturbado. Você é responsável somente pelo que você pode mudar. Tudo que você pode mudar é sua atitude.

Aí mora a sua responsabilidade.
 
 
 
Sri Nisargadatta Maharaj
 
 
 
 
Trecho extraído do livro
“Eu Sou Aquilo” (I Am That, 1973).
 
 
 
 
 
Rendo Graças à fonte deste texto:
 
 
 
 

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

SOFRENDO SEU EXPERIENCIAR - MOOJI

Rendo Graças ao autor desta imagem
 
 
 
 
     ADVAITA VEDANTA    
 
SOFRENDO SEU EXPERIENCIAR
 
 
Entregue a sua existência para a Existência
e mantenha-se em silêncio.
Tudo é a Graça.
 
Se você realmente tivesse o livre-arbítrio e o poder de moldar o seu destino, de criar a sua vida ideal, você iria, muito provavelmente, tirar todos os desconfortos, tudo que desafia o seu ego, tudo que expõe sentimentos de culpa ou vergonha ou qualquer coisa que desafiasse os seus apegos. Você excluiria tudo isso e os substituiria por momentos sabor chocolate. [Risadas] Mas por mais que você tenha se esforçado em construir uma vida segura que satisfizesse sua projeção, ainda sim sua criação não se igualaria, em qualidade e bênçãos, à vida que está se desdobrando sem intenção humana.

Certa vez um homem disse a Sri Nisargadatta: “Maharaj, as suas palavras ressoam profundas em meu coração. Eu sinto seu poder e sei que são verdadeiras. Mas se eu for bem sincero em descrever a minha experiência, teria que admitir que ao longo da minha vida eu estou continuamente experienciando o sofrimento!”. Maharaj respondeu: “Não, isto não é verdade. Você não está experienciando o sofrimento, você está sofrendo a sua experiência.”

Você pode dizer mais acerca das palavras de Nisargadatta, Mooji?

Eu vou lhe contar uma história.

Estando com uma dor muito forte, um homem foi ver o médico. “Como posso ajudá-lo?” perguntou o médico. “Eu estou todo dolorido, doutor”, disse o homem. “Toda vez que eu toco aqui,” ele explicou, tocando próximo a seu coração com seu dedo, “dói! E seu eu toco aqui,” ele acrescentou, tocando seu nariz, “ai! – também dói!” O médico observava, perplexo, conforme o homem continuava. “Quando eu toco aqui,” ele disse, tocando seu estômago, “dói como inferno!” Daí ele debruçou-se na direção do médico e tocou seus cílios com o dedo. “Ai!” ele gritou novamente. Então o médico conduziu um exame físico completo no homem. Finalmente o médico disse, “Senhor eu não consigo achar nada de errado com as áreas que você me mostrou. O problema é que você tem um dedo quebrado!” [Risadas]

O “eu” é este dedo. Onde quer que o “eu” vá, sempre existe um problema. Este “eu” é ego: “Eu gosto, eu não gosto.” O que quer que ele toque, em ignorância, causa dor a si mesmo e aos outros. Entretanto, ele imagina que a dor é causada pelo “outro”. Quando, pela graça, é compreendido que o “eu-ego” é a causa do sofrimento, e que este “eu-ego” foi sonhado no Ser, o sofrimento termina.

A identificação com este “eu” está na raiz do sofrimento. Quando você escolhe o que você deveria experienciar – você sofre. Quando você escolhe de quem você deveria aprender – você sofre. Quando você está constantemente interpretando como as coisas são ou como deveriam ser, o que você merece e o que não merece – você sofre. Onde quer que haja orgulho, apegos, julgamentos ou desejos – há sofrimento. Quando despertamos da ignorância para a nossa verdadeira natureza – o sofrimento é inexistente.

Mas Mooji, como você pode não sentir se existe uma forte dor física?

Tanto a dor como o prazer pertencem ao corpo. Faz parte do pacote. Uma vez que você toma um corpo você experimentará todos os opostos inter-relacionados e todos os contrastes da dança que chamamos vida. Mas isso não quer dizer que você sofre automaticamente porque o corpo está lá. A identidade amplifica o sofrimento. Na observação imparcial e impessoal do funcionamento do corpo-mente, a dor é percebida como um fenômeno natural. A experiência não-pessoal é em si liberdade. Entretanto, para algumas pessoas o sofrimento parece ser um aspecto inescapável da experiência humana. Na esfera da experiência senciente o sofrimento é inevitável. Onde há uma forte identidade física ou psicológica, existirá um sofrimento proporcional – é o imposto por ter uma vida!

Então você diz: “Eu tenho sofrido.” Eu não vou discutir com você a respeito disso. Mas existem também aqueles quem estão sofrendo com uma profunda sensação de gratidão ou até mesmo de alegria por detrás de seu aparente sofrimento. Na verdade não posso chamar isso de sofrimento, porque não há resistência ali. Eles compreenderam e aceitaram que a Graça algumas vezes se manifesta como um intenso queimar interior que purifica o ser de toxinas conceituais e emocionais, e neste sentido eles permanecem em paz.

Eu não sei como eu poderia ficar agradecido quando a dor física ou emocional está latejando!

Não é preciso forçar-se para estar agradecido. Como uma espécie de reflexo condicionado, o sangue corre todo para o centro da atividade, assim como os glóbulos brancos fluem para o local do machucado físico. Neste exemplo, o centro da atividade é onde quer que a sensação do “eu” pessoal palpite, e a atenção que é então colocada na atividade é como o fluir do sangue.

Você não é isso: você está consciente disso. Apenas tenha clareza sobre isso, sem pânico. Se você agarrar-se à intuição, à sensação “eu sou”, e não permitir que isto se conecte com nenhum outro conceito, se você apenas deixar que o “eu sou” incube em si mesmo – imediatamente, alegria e espaço prevalecerão. Espontaneamente existe a silenciosa e intuitiva convicção: “Eu sou o Ser atemporal, sem limites.” Isto não é um ensinamento, mas uma poderosa experiência interna – inexplicável. Felizmente você não tem que escrever uma tese sobe isso. Algo é visto – é o bastante. Você não pode prová-lo e nem precisa prová-lo. Você não precisa falar a respeito, nem mesmo compartilhá-lo. Mantenha-se em silêncio.

Permaneça naquela natural solitude interna.
 
(Longo silêncio)
 
 
Mooji
 
 
 
 
Do livro Antes do Eu Sou
- Diálogos com Mooji -
 
 
 
 
 
Rendo Graças à fonte deste texto:
 
 
 
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