domingo, 8 de abril de 2012

ENTRE TI E MIM - BIDI - 08-04-2012 - PARTE I - COM ÁUDIO


Rendo Graças ao autor desta imagem




BIDI
08/04/2012




ENTRE TI E MIM
Parte I
 
 
Bem, BIDI está na companhia de vocês.

Nós iremos nos fazer companhia e nós iremos partilhar.

Vocês tiveram a oportunidade de ler o que eu me proponho a trazer-lhes.

Eu lhes peço de novo, muito, para escutar e para ouvir.

Minha companhia não é um diálogo nem um jogo mental, mas sim, uma oportunidade, para vocês, de deixar, de alguma forma, Ser além do seu Si, além da sua presença.

Este espaço, este tempo, diz respeito a todos.

Através de uma pergunta que lhes é pessoal, outros podem estar em ressonância, em afinidade e, portanto, encontrar, atrás das palavras que eu vou empregar, um ponto particular sobre o qual se apoiar.

O que irá lhes interessar, nesta sequência de conversações, está diretamente conectado, além do nome que eu lhes dei, à ação da Luz, à ação do Absoluto.

Minha Presença não é uma presença, mas, sim, mais do que isso porque ela é também vocês mesmos.

Todos nós temos o seu tempo para caminhar na vida.

Estejam neutros.

Estejam pacificados.

A neutralidade e a sua paz são as condições (indispensáveis, suficientes e necessárias) para instalar, digamos, o que deve ser instalado, em vocês e além de vocês, além mesmo deste espaço e deste tempo.

Se não houver perguntas preliminares e técnicas, nós poderemos, então, começar.


Pergunta: como ser liberado do medo e ter confiança?

O medo, como a confiança, dependem unicamente do ego.

A confiança jamais irá permitir, assim como o medo, transpassar.

É preciso reconsiderar o medo e a confiança porque um como o outro são apenas as duas extremidade de uma barreira intransponível, situada, como sempre, no ego e na pessoa: porque nenhuma confiança como nenhum medo pode permitir transcender um limite.

É preciso, então, que você aceite depositar os seus medos, como você depositaria a sua confiança.

Há, portanto, um convite para posicionar-se além do medo porque, se você se situar no instante, pacificamente, sem pergunta, o medo não pode aparecer.

O medo é sinônimo de desconhecido, para a pessoa.

O medo representa, de alguma forma, o elemento de resistência, o próprio contexto onde se inscreve toda pessoa, todo ego, todo indivíduo.

O medo transpassa.

Enquanto emoção, enquanto pensamento, ele apenas faz resultar, em última análise, em seu próprio passado.

Reflita: não há qualquer substrato, qualquer causa, no instante presente, para o medo.

Assim como não há qualquer razão e qualquer lógica para estabelecer qualquer confiança, a partir do momento em que você está aí, e não em um instante anterior e ainda menos em um instante seguinte.

Permanecer tranquilo é isso.

Isso não é colocar-se a questão dos medos, nem se colocar a questão da confiança.

É instalar-se na Eternidade porque o medo, como a confiança, inscrevem-se, de maneira definitiva, no que é linear.

O Absoluto não conhece o linear.

Ele é justamente transcendência total do espaço tempo (tal como é conhecido).

O medo é um limite.


Você não pode atravessar o limite considerando-se inscrito em meio a um limite.
A partir do momento em que a sua atenção for atraída pelos seus próprios medos, você vai, de algum modo, cristalizá-los, densificá-los, torná-los viventes, no instante, no presente.


A partir do momento em que você estiver em paz e pacificado, nenhum medo pode surgir.

E mesmo se este medo surgisse, o próprio fato de estar em paz iria trazer-lhe, inevitavelmente, e quase que imediatamente, a lógica de que este medo não tem qualquer consistência, qualquer verdade, mas que é apenas um sinal vindo do que está morto (no que você vivenciou ou no que você temeu), mas não pode, de forma alguma, estar presente no instante em que você vive.

A dualidade consistindo em uma extremidade ou na outra, no que lhe diz respeito, o medo devendo ser substituído pela confiança, inscreve você no limite do medo e da confiança.

Querer substituir o medo pela confiança instala-o em sua própria dualidade e, portanto, fortalece a sua própria pessoa.

Quando eu emprego a palavra paz, a outra extremidade é a guerra.

A meditação como a atenção são estados que se aproximam da paz.

Evidentemente, a guerra seria a atividade incessante do mental vindo perturbar a sua paz.

Se você escuta e está atento, não ao que lhe diz o que está morto, não em uma projeção querendo eliminar este medo, mas, sim, na aceitação, na compreensão e na lógica de que você não é qualquer dos seus medos e de que não há que aplicar sobre isto, qualquer confiança.

Simplesmente, viajar na sua paz.

Simplesmente, não mais ser o que emerge do que é passado, o que emerge do que está morto, e ainda menos o que emerge do que não pode ter nascido (e, portanto, não pode estar presente).

A partir daí você irá colocar, em você, o próprio fundamento do entendimento e da escuta.

Não do que você acredita ser, não de qualquer passado, não de qualquer futuro, mas, sim, na verdade do instante que vocês vive, o único capaz de fazê-lo atravessar os seus próprios limites e, portanto, de ser ilimitado.

Lembre-se de que o ilimitado sempre esteve aí, sempre presente, sempre inscrito além da consciência.

Somente os freios e as resistências oriundos do que você não é (e aos quais você deu peso, ao quais você deu crédito) impedem-no de vivê-lo.

Você não é, portanto, os seus medos porque, como o que não é uma pessoa poderia trazer qualquer medo?

Como poderia existir, em meio ao que não existe (ou seja, esta pessoa), qualquer amanhã?

A previsão, a antecipação e o medo apenas irão resultar, sempre, da atividade do mental e somente do mental.

Mas esse mental nasce com a sua vinda a este mundo durante a sua construção em meio à ilusão e é um elemento, um atributo, absolutamente real, na dualidade.

Ele permite a você adaptar o que foi vivenciado ao que se vive e ao que será para viver.

Mas você não é nem o que vivenciou, nem o que se vive, nem o que está para viver.

Você é a vida.

Há, então, em você, para ver (sem se apegar) os medos como o que não é a vida, mas, sim, o que você acreditou da sua vida.

O medo é um peso morto que resulta do próprio terror do ego e da pessoa, dos seus próprios limites inscritos entre o nascimento e a morte.

Você não é o que nasceu, nem o que vai morrer (contrariamente ao que quer fazê-lo crer o seu mental e você não é o seu mental).

O crédito que você dá à sua pessoa traduz-se por um crédito mais ou menos grande que você dá à sua própria história, que está morta e que o afasta da experiência do Absoluto.

Compreenda bem que não se trata de rejeitar, como um ato de negação, o que você atravessou em sua história.

Mas a sua história jamais será o que você é no Si e, ainda menos, no Absoluto.

Mude o olhar.

Eu não falo do olhar dos olhos, eu não falo do olhar das emoções do seu próprio passado.

Mas mude o olhar sobre você, aí, nesse presente porque você nada é desta história, nada deste futuro e nada desta confiança que você gostaria de adquirir porque nada há a adquirir que já não esteja aí.

Nada há a combater porque tudo o que resiste fortalece-se.

Considere tudo isso como não tendo qualquer existência própria porque você não é nem esta história, nem esta confiança, nem mesmo esta pessoa, nem mesmo a esperança, porque tudo já está aí, na paz além de qualquer confiança, no instante da sua pergunta e da resposta.


Pergunta: muitas vezes o mental me desvia para pensamentos para combater a injustiça ou para ver o lado negativo dos acontecimentos. Às vezes eu tenho a impressão de que nada se move mesmo se o sentir Vibratório é certo. Como transcender esses processos ou essas resistências?

O julgamento está inscrito no mental.

O mental é feito para discriminar, para pesar e avaliar o bem e o mal.

Ele é feito para agir neste mundo.

Enquanto você se considerar como deste mundo (e não somente sobre este mundo), o seu mental será parte interessada das suas experiências.

A cultura, a educação, o ensinamento, sempre foram elaborados ao redor desta dualidade.

A própria moral, o próprio afetivo, e o conjunto das leis observáveis e utilizáveis neste mundo, apenas vêm daí.

Há uma parte de você que á a totalidade, mas que o seu ego não pode reconhecer.

Esta parte de você que é desconhecida, nomeada Absoluto ou Último, não pode aparecer-lhe (porque ela já está aí) se o aspecto discursivo do seu mental estiver presente.

Ele é, de algum modo, aquele que envolve, de maneira opaca, a verdade, a verdade além do aspecto discursivo.

Isso mantém, em você, uma necessidade de segurança, uma necessidade de ser tranquilizado, mas quem dita isso senão o ego ou a pessoa?

Não há que trabalhar, propriamente falando, na causa ou no porque dessa necessidade de ser tranquilizado, porque o que você É está além do fato de ser tranquilizado ou de compreender.

O conhecimento é apenas, em última análise, uma ignorância do que você É.

Aceite ser ignorante, aceite não ter necessidade de ser tranquilizado nem de compreender e, aí, você passará, inegavelmente, da ignorância para o conhecimento real que não tem necessidade de qualquer aspecto discursivo, que não tem necessidade de ser tranquilizado, nem mesmo compreendido.

O olhar, aquele dos olhos, sempre irá levá-lo a esta vontade de compreender e coloca, então, em ação, o mental e, portanto, o julgamento.

No final, se você vir claramente, nenhum julgamento poderá trazer-lhe a paz porque todo julgamento chama, inevitavelmente, um outro julgamento: todo olhar colocado, discriminando, pede para prosseguir o que é discriminatório e, portanto, dual.

Aceite ver isso, não para encontrar uma origem ou uma compensação, porque nem a origem, nem a compensação irão propiciar-lhe transcender, nem mesmo superar, esse princípio.

O mental deve servir para viver e agir nas atividades normais deste mundo.

Mas, a partir do momento em que não se tratar mais deste mundo, mas do Absoluto que você É, ele não é mais de qualquer ajuda, de qualquer recurso, de qualquer utilidade.

A dificuldade reside, aparentemente, em passar de um ao outro.

É-lhe preciso, então, considerar e reconsiderar que, na vida comum, o mental age por si próprio em relação às suas experiências passadas, à sua história.

Então, aí também, podemos dizer que o seu próprio mental age por si só, também nesses atos cotidianos.

Ele não tem necessidade, propriamente falando, de você.

Deixe-o agir, deixe-o, de algum modo, exprimir-se nos momentos rotineiros.

Dessa maneira, se você soltar as rédeas, se você se contentar em observá-lo e deixá-lo trabalhar, será muito mais fácil para você, nos momentos Unitários, não deixá-lo interferir com o que você É.

Sirva-se, então, deste aspecto discursivo, comparativo e habitual, do mental, observando-o nos momentos comuns da vida e não, é claro, querendo afugentá-lo nos momentos Interiores porque você jamais poderá afugentá-lo.

Você apenas pode, simples e facilmente, tomar consciência da sua atividade (que não é a sua, aí tampouco) nos momentos os mais ordinários da vida.

Porque esses momentos ordinários apenas se referem, efetivamente, ao mental e não tem absolutamente necessidade de você para ser eficaz e eficiente.

Adote isso, verifique a veracidade e, sobretudo, a eficácia e você verá, então, muito rapidamente que, nos momentos Interiores ou definidos como tais, o pensamento e o julgamento não podem alterar, de qualquer maneira e de modo algum, o que você acede em sua experiência, naquele momento.

Aí também você não pode se opor sem fortalecer (e principalmente nesses momentos ditos Interiores) o seu próprio mental.

É isso que ele é.

A sua história é o que ela é.

Mas você não É nem um, nem outro.

Em suma, deixe o mental ao que ele é, às suas funções, às suas utilidades, veja-o, naqueles momentos: será, então, extremamente fácil vê-lo agir e, portanto, apreender-se, em meio a esses momentos ordinários, que não é você que age.

Mas se você fizer o inverso (ou seja, aguardar os momentos ditos Interiores para opor-se frontalmente ao seu próprio mental), você sempre irá perder a batalha, porque é uma batalha e a paz não pode se acomodar em batalha alguma.

Coloque-se assim e você irá constatar, então, que o mental fica no seu lugar e nas suas funções.


Pergunta: qual é a minha parte que eu não conheço para me dizer, no instante presente, para me ajudar a ir para este Absoluto?

Compreenda que não há que ir.

Porque, a partir do momento em que você pede para ir, você já coloca uma distância que não existe.

Esta parte que você não conhece nada tem a lhe dizer no que você conhece, senão ela não lhe seria desconhecida, senão você seria o Absoluto.

É preciso, então, aceitar que o que lhe é desconhecido, estritamente nada tem a dizer no seu conhecido.

E que ela não pode aparecer-lhe, revelar-se, não como algo onde é preciso ir, não como um esforço, mas, sim, a partir do momento em que você faz calar tudo o que você conhece.

Elimine tudo o que você conhece.

Refute tudo o que é efêmero.

E, em primeiro lugar, o que é efêmero?

Sua própria vida, o passado qualquer que seja, suas emoções quaisquer que sejam porque elas se inscrevem, sistematicamente, na lei da dualidade (ação / reação, sem fim), sem, no entanto, serem eternas já que, por definição, essas emoções mudam em função do que lhe é dado a viver, a ver e a sentir.

O que lhe é desconhecido não pode ser nem vivenciado, nem sentido, em meio ao seu conhecido.

Não há, então, possibilidade de fazer entrar o desconhecido em meio ao conhecido.

É-lhe preciso, portanto, sair do seu conhecido, não como uma rejeição, não como uma negação, mas, simplesmente, aceitando que você estritamente nada é do que você conhece.

O verdadeiro conhecimento é independente do conhecido.

O que o ego interpreta como conhecimento é uma trapaça porque isso jamais é duradouro, porque isso é, muitas vezes, procedente de crenças, veiculadas por outras histórias e por outras experiências que estritamente nada têm a ver como você e as quais, no entanto, você deu crédito.


Não é porque BUDA existiu que você vive o BUDA.

Por mais que você tudo leia, por mais que você tudo compreenda, tudo assimile, você não pode reproduzir seja o que for porque isso é procedente de crenças.

É-lhe preciso, então, real e objetivamente, matar todas as suas crenças porque você não é suas crenças.

Você não pode, portanto, de maneira alguma, ir para o desconhecido com qualquer crença, com qualquer conhecimento, com qualquer história.

E isso, efetivamente, não pode ocorrer porque não há qualquer lugar aonde ir, não há deslocamento.

Enquanto você crê buscar o Absoluto, ele jamais será encontrado, porque ele sempre esteve aí.

E, portanto, crer que você irá a algum lugar é uma trapaça do seu próprio mental.

Mesmo se o Si não for você, no Absoluto.

Do ponto de vista do Absoluto, o ego, a pessoa, este próprio mundo, sua própria história, não existem.

Aí também é uma trapaça, uma simples projeção, uma Ilusão, um jogo estúpido e estéril.

Não há evolução: só o ego o crê, só o Si pode considerá-lo.

O Absoluto não se coloca esse tipo de questão.

É impossível que haja qualquer evolução.

Pode ali haver, certamente, transformações.

Pode ali haver, certamente, melhorias.

E o ego se delicia.

Porque ele estava mal no dia anterior, ele fica melhor no dia seguinte, porque ele compreendeu a causa e a origem do sofrimento, a causa e a origem de uma doença, a causa e a origem de um desequilíbrio, ele tem, então, a impressão de avançar.

Ele tem, então, a impressão de melhorar, mas isso é uma armadilha porque em momento algum ele irá lhe permitir sair do que ele o fez crer.

Isso é impossível.

O Desconhecido, o Último, nada é conhecido, em qualquer tempo, em qualquer espaço.

Do seu ponto de vista, isso é o vazio.

Mas do ponto de vista do Absoluto, o vazio é você e nada mais.

Quando você fecha os olhos, o mundo desaparece.

Quando você dorme, o mundo no qual você vive desaparece também.

Somente a crença, pela experiência, de acreditar que você vai despertar no dia seguinte faz com que você adormeça sem preocupação.

E, no entanto, quem pode assegurar-lhe que você vai sair?

E, no entanto, você se coloca a menor questão?

Nada há a mudar exceto o seu olhar.

Não há lugar algum aonde ir porque você aí já está.

Não há qualquer esforço a propiciar, muito pelo contrário.

O ego, a pessoa é um esforço permanente, através dos sentidos, através das emoções, através da sua história e do seu mental, que age permanentemente, de maneira mais ou menos intensa, para que você jamais tome consciência da sua extensão.

E que, jamais tomando consciência da sua extensão e dos seus limites, você permaneça na prisão e jamais encontre o Absoluto que não é para encontrar, porque isso não é você que busca, mas é ele que o encontra, a partir do momento em que você sai de todo conhecido, de toda referência e de todo ilusório conhecimento que é apenas uma enganação.


Pergunta: como viver mais a alegria e a simplicidade?

A alegria e a simplicidade fazem parte da sua Essência e da sua natureza.

Aí, tampouco, não há que cultivá-la porque esta alegria está presente.

Somente a distância que você coloca, e a ignorância que você ali coloca, podem representar o que é vivenciado como uma ausência de alegria.

Nada há de mais simples do que o Absoluto.

O que é complicado é o mental e o ego porque eles elaboram, permanentemente, estratégias, eles elaboram, permanentemente, condutas, regras a observar, contextos e limites (quaisquer eu sejam esses contextos e esses limites).

Eles tentam construir uma simplicidade, preservando-se da complexidade deste mundo, crendo conhecê-lo, crendo senti-lo.

Mas absolutamente nada deste mundo é absoluto e, no entanto você é Absoluto.

A alegria decorre do Êxtase.

A alegria é a manifestação do Si, do Samadhi.

A simplicidade está também presente no Samadhi.

Isso lhe permite se aproximar e viver, pela experiência e por momentos, a não separação.

Mas você permanece inscrito na separação e, portanto, a simplicidade parece partir, como a alegria parece partir.

Não é nem a alegria, nem a simplicidade que partem, mas é, sim, você que parte de você mesmo.

A alegria e a simplicidade sempre estiveram aí.

O único movimento é aquele do ego, o único movimento é aquele do mental e das emoções que se desenrolam e se sucedem em um tempo linear.

Não há, portanto, nada a cultivar, não há, portanto, nada a buscar que já não esteja aí, porque, se você fala da alegria a cultivar, você considera já, então, a não alegria e, portanto, a outra extremidade está presente em você.

Não há extremidade.

Considere que a alegria não pode ser uma experiência situada entre dois períodos de não alegria, mas que é um estado que resulta diretamente do que você É e tudo irá mudar para você.

Quanto à simplicidade, ela consiste, simplesmente, em estar em paz, em não dar corpo ao que quer que seja mais, em não nutrir o que quer que seja mais.

O Si e o Absoluto são uma transcendência total, aí também, do que você nomeia alegria e simplicidade porque o Absoluto não pode se referir (mesmo sendo simples) a qualquer coisa que fosse complicada e a uma alegria que implicasse uma não alegria.

Esta alegria está, portanto, além de toda alegria: é por isso que não é mais sábio nomeá-la êxtase ou íntase.

O ego irá se conservar sempre nesta dualidade de conceito e de experiência.

Ele mantém, portanto, a linearidade.

O Absoluto é a saída da linearidade.

O Absoluto é a sua natureza, a sua essência.

Não há, então, que buscar ou que cultivar qualquer alegria, qualquer simplicidade porque, se você chegar a permanecer totalmente à escuta e a ouvir, além de todo tempo, a partir desse momento, o Absoluto está aí porque ele vem a você.

Querer a alegria, querer a simplicidade, é já considerar que ela não está presente.

Mas você é a alegria e você é a simplicidade.

A distância resulta simplesmente da sua história e das suas experiências passadas onde a lembrança e o desejo competem, em você, para ocupar a frente do palco.

Mas isso é apenas um palco, isso é apenas uma representação, uma projeção, que não tem qualquer substância, nem mesmo a menor realidade.

Isso é para descobrir por si mesmo porque ninguém pode dizê-lo, ninguém pode fazê-lo viver: há apenas você e você sozinho que pode atualizá-lo.

No final, deixe este corpo viver, deixe os seus pensamentos viverem, deixe-os trabalhar.

Será que você se coloca a questão quando você come um alimento para saber se ele vai fazer o que ele tem que fazer?

Não: isso se faz.

Aja do mesmo modo para o que você considera ter que fazer nesta vida.

Não se implique ali, mas faça-o.

Olhe você agir e depois se coloque a questão de quem olha.

Será que você é este corpo que absorve um alimento?

Será que você é esse mental que se coloca a questão do efeito do alimento?

Ou será que você É outra coisa?

Elimine, também, o que é da ordem do habitual (lavar-se pela manhã, mesmo se for preciso fazê-lo): você nada é de tudo isso.

Então, irá lhe aparecer, de maneira explosiva ou progressiva, o que você É.

Ser o não ser.

O Absoluto não é nem um desejo, nem um objetivo, nem um caminho.

Não há nem desejo, nem objetivo, nem caminho.

Há apenas a vida que flui, que você ali participe, ou não, que você ali esteja, ou não.

Torne-se, portanto, a Vida, e o Absoluto irá aparecer-lhe porque ele sempre esteve aí.


Pergunta: relacionamentos ou comportamentos empreendidos da dualidade neste plano podem constituir um freio para a realização do Absoluto?

Primeiramente, não pode existir qualquer Realização no Absoluto.

A Realização refere-se ao ego e ao Si, mas em caso algum ao Absoluto.

Nenhuma manifestação dual pode contrariar, frear ou bloquear o Absoluto.


Você come.

Toda a fisiologia deste corpo é fundamentada na dualidade.

Toda a fisiologia das emoções e do mental é fundamentada na dualidade.

Nenhum elemento deste corpo ou dos seus envelopes sutis pode alterar, de maneira alguma, o que É.

Pensar e conceber que há uma tarefa a cumprir, um caminho a seguir, um yoga a praticar, é da competência da personalidade e do ego, jamais do Absoluto.

Os yogas, quaisquer que sejam, conduzem-nos ao Si que é eventualmente para Realizar.

Mas o Absoluto jamais será uma Realização, mas, sim, a Liberação de todo yoga e de toda dualidade.

O que não consiste em negar a dualidade enquanto esta forma (este corpo), esta pessoa, esta presença nesta ilusão.

Trata-se, então, sim, de uma transcendência e de maneira alguma pode tratar-se de uma transformação.

Acreditá-lo é uma enganação do ego.

Você não pode transformar o que é limitado e acreditar que a imperfeição vai se tornar perfeita.

A perfeição não é deste corpo, nem desse mental, nem da sua própria vida.

Ela é o Absoluto.

Considerar que algo pode alterar ou impedir o Absoluto é um fingimento.

É o próprio ego que atua para acreditar que ele será melhor amanhã.

Ele o será, talvez, ele o será, certamente, mas o que ele vai ganhar?

Melhorar a saúde, melhorar a respiração, melhorar as angústias, há um busca desesperada por um ser melhor ou por um bem-estar, mas nenhum ser melhor e nenhum bem-estar o farão descobrir o não Ser.

Ele irá afastá-lo também, certamente, como o mal-estar.

São estratégias, elaboradas pelo ego, para fazê-lo crer que há algo a buscar, algo a melhorar, algo a praticar que vai fazê-lo se aproximar, mas, no final, você se afasta.

Obviamente, a pessoa (o ego) vai ficar satisfeita por sentir menos dor, por estar menos angustiada, por viver melhor e por mais tempo, ou diferentemente, mas isso estritamente de nada serve.

O que não quer dizer por aí para pôr fim à ilusão, mas, sim, para estar consciente e lúcido do que isso é: apenas uma ocupação, apenas um passatempo.

Então, aí também, ocupe, se você quiser, o seu mental e o seu corpo, mas aceite o princípio de mistificação e de ilusão.

Alimente este corpo quando ele tiver fome, dando-lhe de beber quando ele tiver sede.

Você não chegaria a imaginar refutar a fome e a sede e, no entanto, será que satisfazer a fome e a sede deixa o Absoluto aparecer?

Ele não é do mesmo nível do mental.

Você pode alimentá-lo de todas as maneiras, você pode dar-lhe a ler e, portanto, regá-lo de todo conhecimento, você apenas fará reforçar a sua própria ignorância do Absoluto.

Isso é apenas o jogo do ego e do mental que, de maneira duradoura e incessante, quer fazer crer que você vai ali chegar.

Mas você não pode ali chegar já que não há parte alguma aonde chegar.

E se houvesse um destino a chegar, bem, isso significaria, simplesmente, o fim do ego.

Você conhece um ego que queira morrer por si mesmo, se isso não for pela porta da morte?

O Absoluto não se ocupa absolutamente deste corpo, absolutamente do que você busca, absolutamente do que você crê ou espera.

Ele não tem o que fazer, de forma alguma, dos seus próprios gestos.

São apenas movimentos que nada trazem à paz e à imobilidade.

São, portanto, realmente, gestos que vão, simplesmente, atrair a consciência.

O Absoluto não tem o que fazer de tudo isso: ele está instalado em cima, embaixo, por toda parte, além de todo espaço, de toda eternidade.

Nada há de pior do que crer que você será Liberado porque você busca a Liberação.

Porque, em última análise, você está Liberado, desde toda Eternidade, mas simplesmente você não o sabia.

Não há, portanto, aí tampouco, que rejeitar o que quer que seja, mas, sim, que transcender todos esses aspectos que são apenas véus e máscaras colocados no Absoluto.

É preciso, então, cessar toda projeção do que quer que seja.

A partir deste instante, então, o Absoluto irá aparecer para você.

Mas é preciso cessar a presunção de crer que há algo a buscar, algo a Realizar e mesmo algo a Liberar.

Se você fizesse calar todas essas pretensões, então, o não Ser seria a única possibilidade.

Lembre-se de que você é efêmero no que você acredita, que isso seja os pensamentos que passam, ou mesmo este corpo que nasceu e que retornará à terra.

Será que você é este corpo?

Será que você é o que é efêmero?

Será que você é a sua busca?

Será que você é as suas práticas?

No final, o que você é?

Se você for capaz de viver o que você era antes de ser este corpo (além de todo corpo de qualquer vida passada que pertencia à personalidade, de maneira irremediável), bem, instantaneamente, o Absoluto estaria aí porque ele sempre esteve.

Você não pode se apropriar seja do que for porque você É isso.

Você não pode possuir o que você É.

É apenas o ego que o faz crer nisso.


Pergunta: eu sempre quis que depois da morte houvesse o nada. Há diferença entre o nada e Absoluto?

Esse que deseja, depois da morte, é evidentemente o ego.

A melhor imagem e a melhor representação que possa sugerir o ego, do Absoluto, é, obviamente, o nada.

O Absoluto não é, naturalmente, qualquer nada, mas ele é, também, o Nada.

O Absoluto, após o fim desta forma, é o retorno ao sem forma, além de toda memória, além de toda experiência, em qualquer forma, mesmo que ele possa persistir numa forma, nada mais tendo a ver com uma forma deste mundo.

O Absoluto é o Tudo e o Nada.

O sem forma (ou o fim da vida, aqui) põe fim, de algum modo, ao complexo inferior ego / personalidade (envelope físico e envelopes sutis), mas coloca (e colocou, até agora) o Ser do outro lado da peça.

Mas era a mesma peça e, em caso algum, o nada.

E então, em caso algum, o Absoluto.

A forma desaparece porque ela é efêmera.

A personalidade desaparece porque ela é efêmera.

Mas se alguma coisa retorna, essa alguma coisa não está inscrita em qualquer forma e em qualquer personalidade.

Hoje, no sentido do seu tempo, não há nada que faça voltar ou se afastar do Absoluto.

No final, o nada (que ele seja querido, desejado ou rejeitado com horror e medo) é, efetivamente, o Absoluto, para o ego, para a pessoa, para o mental.

Considerar o seu próprio fim, enquanto efêmero, pode encher de terror ou de paz, mas, em um caso como no outro, representar a morte como um nada não permite, de modo algum, viver o Absoluto, que isso seja mantendo esta forma, ou não, porque o nada permanece, nesse caso (e permanecerá sempre), uma crença.

Uma crença não tem qualquer peso.

Uma crença é uma justificativa da própria ausência da experiência.

Nenhuma crença pode substituir a experiência.

Nenhuma história pode ser escrita no instante.

A crença os faz crer no instante ou no instante seguinte ou no instante passado, mas ela não é o presente.

O ego não foi feito para conhecer o nada já que ele desaparece, ainda menos o Absoluto porque ele não pode ali se reconhecer, nem ali se conhecer.

O Absoluto não pode ser, como o nada, um desejo, já que vocês não podem desejar, em última análise, o que vocês São realmente e que já está aí.

É o ego que vai acreditar que ele tem que desejar.

Em um momento posterior, chamado de morte, o nada já está aí, para o ego.

Recusar vê-lo é recusar o Absoluto.

Colocá-lo no amanhã, ou dizer-lhe que é impossível, é uma forma de negação do Absoluto.

O ego busca, ele também, à sua maneira, refutar o que lhe é desconhecido, negá-lo, e eu diria que isso é legítimo.

Se vocês permanecerem tranquilos e em paz, se vocês estiverem além daquele que observa, se vocês estiverem além da testemunha, além de todo conceito, além de toda percepção, além de todo consciente ou inconsciente, se vocês saírem de toda referência, de toda projeção, de todo sentido de antecipação, então vocês dão lugar à Verdade, ao Absoluto.

Vocês não podem refletir sobre o Absoluto.

Você não pode colocar-se a questão do nada, simplesmente experimentar a vertigem [o medo patológico de cair no vazio] ou a plenitude (isso é conforme), mas o que você experimenta, naquele momento, não pode ser validado, nem mesmo ser uma prova.

A única prova do Absoluto é o Êxtase e, preliminarmente, sua testemunha: a Onda da Vida.

Nada pode ser além disso.

E nada pode ser menos do que isso.

Não há mistério no Absoluto, somente o ego o crê e tende a fazê-lo viver porque o ego não pode representar o que, efetivamente, não tem qualquer representação.

Então, a palavra ‘nada’ pode aparecer como um recurso final, atraente ou temível.

Mas isso permanece um último recurso.


Pergunta: será que esta latência, à qual você faz alusão, como suporte do Absoluto, pode ser vivenciada como uma sensação de não ter que se incomodar, o que quer que viva ainda a personalidade? E que a Alegria profunda e a Beleza que animam, então, são uma Verdade à qual podemos nos agarrar?

O Absoluto não pode ser agarrado em parte alguma: é preciso, então, desprender-se.

Enquanto você está preso à sua própria Alegria, você coloca seu próprio limite ao Absoluto e, portanto, você não pode vivê-lo.

Você não pode, então, permanecer ligado ou agarrado ao que quer que seja.

Qualquer fixação é um freio.

Mesmo se existirem camadas sucessivas permitindo e dando a Ilusão de ascender ao que quer que seja, é um momento em que mesmo isso é para abandonar.

Como você pode viver o Absoluto enquanto você não abandona o Si e a sua Alegria?

É, efetivamente, muito mais fácil e sedutor viver a Alegria, e várias estruturas que se expressaram, ali os convidaram (ndr: o Conclave Arcangélico, a Assembleia dos Anciãos, das Estrelas...) porque a Alegria é um alívio e que o alívio pode ser considerado como benéfico.

E isso o é, contrariamente ao peso e à densidade.

Mas se aliviar não basta para fazer desaparecer a projeção, em meio à Ilusão.

É, então, um instante (ou um tempo, se vocês preferirem) para, aí também, aceitar não mais estar fixado.

Não pode ser concebível, nem aceitável, que o fato de viver a Alegria, de maneira contínua, possa permitir-lhe, um dia, ser o Absoluto.


Como as estruturas que se expressaram lhes disseram: vocês estão Liberados.

Mas estar Liberado não é, necessária e implicitamente, viver a Liberação.

A problemática do Absoluto, contrariamente à Realização, é que isso não pode ser, de modo algum, uma Consciência nova ou mesmo um salto de Consciência.

Não há possibilidade porque não há ponte entre a Realização e o Absoluto.

O Absoluto é (justamente e muito pelo contrário) o desaparecimento na crença de toda ponte, ou de toda possibilidade, ou de toda Verdade à qual permanecer fixado.

É preciso, realmente, não mais estar fixado.

Aceitar, de qualquer forma, Abandonar-se à Fonte de si mesmo, sem conhecê-la.

Abandonar o Si, que é conhecido, através da Alegria e da Beleza.

O Absoluto e o Último jamais foram, nem jamais serão, outra coisa que o que é Verdadeiro e que o que É, desde toda Eternidade porque não efêmero.

A Alegria à qual você pretende estar fixado irá desaparecer, assim como a forma irá desaparecer.

Não pode ser, portanto, eterno, nem ser duradouro, mesmo se isso estiver instalado de maneira que lhes pareça duradouro.

Há, então, em Verdade, que se desprender de todo conhecido, sem qualquer exceção.

A partir do momento em que algo lhes pareça como conhecido, ele não pode ser o Absoluto.

Os limites representados pelos medos, pelos obstáculos, não são de qualquer utilidade, nem de qualquer assistência (e de maneira alguma) para que o Absoluto encontre vocês.

Finalmente, o mecanismo de latência é o que dá a perceber a existência de um tempo e o que dá a perceber a existência de um futuro.

Mas o Absoluto não tem nem passado, nem presente, nem futuro.

Ele É, além do Ser.

Ele é Isso.

Você não pode, portanto, permanecer fixado, nem ser devedor de uma Verdade relativa porque toda Verdade, mesmo relativa, não é o Verdadeiro, é apenas uma etapa.

E o Absoluto não é uma etapa.

Se você recusar isso, se você aceitar a incidência, então o Absoluto irá encontrá-lo.

Lembre-se de que você não pode prender-se, nem buscar.


Pergunta: se um projeto foi feito antes da Passagem no Absoluto, esse projeto pode se manter ou ele desaparece?

Será que o Absoluto faria desaparecer o projeto de uma forma que está na vida?

De maneira alguma.

Mas mesmo se esse projeto chegar a desaparecer, isso não é uma ação da personalidade e, evidentemente, ainda menos uma ação do Absoluto.

O Absoluto não interfere e não modifica as circunstâncias deste mundo.

Entretanto, a Liberação pelo Absoluto faz movimentar o conjunto do Universo, o conjunto dos Mundos.

O que é relativo em um projeto, qualquer que seja (que seja um projeto de vida, um projeto de negócio) irá desenrolar-se ou não irá se desenrolar.

O Absoluto não está ali por nada.

A mudança de olhar sobre o projeto e sobre a forma não chama, obrigatoriamente, ao desaparecimento do projeto ou da sua forma.

Mas isso não tem qualquer importância já que vocês não são mais este projeto, vocês não são mais esta forma.

Quer vocês continuem a apoiar o projeto, como a portar esta forma (porque é um peso), isso em nada muda o Verdadeiro.

O Absoluto não é referido pelo limitado, mas ele engloba o limitado.

O limitado não tem qualquer ponte nem qualquer continuidade com o Absoluto.

O Absoluto engloba-o.

Não há que se colocar a questão deste corpo, como de qualquer relação.

Não há qualquer razão válida e objetiva ou lógica, para o Absoluto decidir ou querer o que quer que seja.

Por outro lado, o relativo inscrito em uma forma (ego, pessoa) pode ser levado a reposicionar-se porque o Absoluto fez, efetivamente, mudar o olhar.

Mas isso não é nem obrigatório, nem uma obrigação, mesmo isso podendo ocorrer.

O Absoluto, vivenciado e inscrito em uma forma, continua a fazer viver esta forma.

Não há oposição ou antagonismo.

Há apenas a evidência do Absoluto, o fim do questionamento sobre o sentido e o porquê.

Mas esta forma relativa continua a evoluir ou sempre é o que ela o crê.

O Absoluto pode pôr fim às ilusões, mas não à ilusão deste corpo, nem sempre, mas isso não tem qualquer espécie de importância porque aquele que é Liberado Vivente não pode mais ser levado para a morte, para qualquer ilusão, para qualquer jogo.

Tudo isso é transcendido, verificado e verificável, a cada minuto, a cada sopro.

Que este corpo permaneça ou que este corpo desapareça, a desidentificação é total com o corpo, sem, no entanto, que haja um desprendimento deste corpo.

Tudo pode parecer semelhante e, no entanto, tudo é diferente, não simplesmente transformado, mas, sim, realmente, transcendido.

Há um antes e um depois do ponto de basculamento no Absoluto, para a pessoa.

Este antes e este depois podendo ser idênticos ou radicalmente diferentes.

Isso não tem qualquer incidência e qualquer repercussão.

Ser Liberado Vivente é agir Livremente e em Liberdade, é não mais ser devedor de qualquer moral, de qualquer sociedade, de qualquer relação.

Vocês estão liberados, enquanto podendo amplamente continuar a estar neste mundo, mas, simplesmente, vocês sabem que vocês ali não estão.

Vocês irão considerá-lo como um jogo.

Vocês descobriram o fingimento.

Vocês descobriram a enganação.

Vocês são Liberados Viventes e vocês apenas podem ser, aliás, Viventes.

O que muda e o que deve mudar não é em função de um desejo da personalidade, nem de qualquer transgressão, mas, sim, o efeito direto da transcendência.

As relações, o posicionamento em relação ao outro, em relação ao mundo, em relação à sociedade e à moral, não serão nunca mais as mesmas, porque vocês se tornaram o testemunho vivo do Absoluto e porque vocês estão descondicionados, mesmo estando presentes em algumas condições.

Aí está o Verdadeiro.


Pergunta: você poderia indicar o que permite, daí onde eu estou, o ponto de basculamento que você abordou?

Não esteja mais em parte alguma.

Não busque mais referências.

Aceite.

Nada há a buscar, não existe qualquer lugar melhor do que outro.

Crer e esperar que um lugar seja melhor, coloca-o na perspectiva linear da pessoa e da personalidade.

Você não pode se aproximar, de forma alguma, do que você já é, porque isso já está aí.

Portanto, esse ponto de basculamento não depende de nada mais além de você.

Mas não você em meio a uma ação ou a um desejo, mas você na ausência total de ideal, na ausência total de busca.

Trata-se de uma capitulação e de uma rendição total de tudo o que você acredita ser, de tudo o que você manifesta.

Isso foi nomeado, por aqueles que intervêm em algumas estruturas, a Crucificação.

Do mesmo modo que não é preciso aproximar-se de uma verdade qualquer, não há ponto de vista ou ponto de basculamento melhor do que outro.

Há apenas que refutar tudo o que você acredita ser.

Enquanto houver, em você, um apego à sua própria pessoa, forma ou envelope sutil, este apego prende-o (também certamente como uma corda) à pessoa, à personalidade ou ao Si.

Não há qualquer troféu de caça ou de guerra para exibir.

Justamente, é preciso desprender-se de tudo o que foi fixado, criar o vazio sem se colocar questões: uma forma de aceitação do nada, uma forma de aceitação de que nada há e, sobretudo, nem medalha ou recompensa.

E ainda menos uma mente a conquistar ou a Liberar.

É-lhe preciso, portanto, estar Presente, inteiramente e na totalidade, à Vida, sem atividade, sem ação, sem reivindicação.

Apenas se colocar aí onde você sempre esteve: no não Ser.

Fazer cessar o Eu de uma pessoa, de uma forma, de uma vontade ou de uma medalha.

Nada há a ganhar.

Nada há a conquistar.

O fato de ganhar e de conquistar pertence à personalidade que deseja possuir e ter.

O Absoluto é uma devolução de todos os seus bens, de todas as suas medalhas, de todas as suas vontades, mesmo as mais sutis ou as mais espirituais.

Porque, em última análise, tudo isso apenas representa uma fraude que não tem qualquer consistência, nem qualquer substância.

Atuar Verdadeiramente é aceitar não mais jogar.

Simplesmente, colocar-se, receber, escutar o que chega então, que jamais partiu.

Assim É o Absoluto.

Fazer o Silêncio (e não somente exteriormente) das atividades, quaisquer que sejam, de expressões (corporais, visuais, sexuais ou verbais), mas, muito mais, o Silêncio Interior da imobilidade, da não vontade e da não volição.

Deixando todo o lugar, porque não há lugar definido.

Deixando todo o espaço porque não há espaço no Ilimitado.

Aceite e acolha o que É e não o que você deseja.

O Si é ainda um desejo, preenchido pela Realização.

O Absoluto é não desejo, pela Liberação.

Nada há a manifestar, nada a criar e nada a empreender, visto que isso já É.


Pergunta: além do ponto de basculamento, a consciência do si torna-se a Consciência de ser o Tudo ou a consciência desaparece?

A consciência desaparece, na totalidade.

Os quatro estados da consciência não têm qualquer sentido, nem qualquer legitimidade, no Absoluto.

Não pode existir uma solução, aí tampouco, de continuidade, entre a consciência e a não consciência.

A consciência está, irremediavelmente, ligada à observação, à projeção (que esta projeção seja separada ou não separada, ou seja, no ego ou no Si).

A ausência de separação não é o Absoluto, já que o Absoluto não pode ser apreendido, de maneira alguma, pela própria consciência.

A única testemunha que a Consciência pode ter é o que lhes foi denominado a Onda da Vida.

Mas, mesmo aí, a um dado momento, deve existir uma forma de tomar distância disso.

Esta tomada de distância não é uma distância, no sentido de afastamento, mas, sim, uma tomada de distância da própria testemunha em relação ao que é vivenciado e observado.

A aniquilação da pessoa, da forma, das percepções desta forma, vai inscrever a consciência nesse ponto de basculamento, que irá resultar no nada (para a personalidade) e (do ponto de vista não pessoal) no Absoluto.

A Onda da Vida, vivenciada então como experiência (com suas consequências e suas implicações), fará de vocês uma Onda da Vida, eliminando a distância e colocando-os em distância.

Aí está o Absoluto.

Não podem existir outras testemunhas ou outros marcadores além deste.

A Onda da Vida percorre-os até o momento em que vocês percorrem a Onda da Vida, fazendo-os, irremediavelmente, sair de toda projeção, a tal ponto que vocês experimentam (não por projeção) totalmente outra coisa, totalmente outra consciência, qualquer que seja, em qualquer reino que seja.

Isso não quer dizer que vocês irão vivê-lo permanentemente, mas, sim, que isso faz parte do possível, demonstrando o Verdadeiro e a Verdade do Absoluto.

Passar no Ilimitado torna-os, efetiva e concretamente, Ilimitado.

E ainda mais Ilimitado e sem limite de qualquer forma, mesmo a sua (na qual vocês estão, de maneira efêmera).

A Onda da Vida, enquanto testemunha e marcador, chama também, a um dado momento, da sua parte, uma forma de identificação e de renúncia a vocês mesmos, dando-lhes a viver a Vida, além de toda forma e não importa qual forma, mesmo se for mais fácil, em um primeiro momento, viver isso com uma forma que vocês conheceram ou que lhes é conhecida, neste mundo ou em outros lugares, pondo fim à separação, pondo fim à ignorância, fazendo de vocês um Liberado Vivente.

Esse Liberado Vivente nada terá a reivindicar, nada terá a explicar, nada terá a justificar, porque ele É.

Terá apenas que testemunhar, sem o desejar, sem vontade deliberada, mas porque isso É e faz parte da Vida.

Ele é a testemunha, ele é o mensageiro, além de todo papel, de toda função.


Nós não temos mais perguntas, nós lhe agradecemos.

Eu agradeço a vocês, então,
pelos nossos "entre ti e mim".

Certamente, até muito em breve,
conforme a fórmula consagrada.
 
 
 
 
Áudio da Mensagem em Francês
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Áudio da Mensagem em Português

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Mensagem de BIDI,
pelo site Autres Dimensions
em 08 de abril de 2012
 
 
 
 
 
Rendo Graças às fontes deste texto:
Tradução: Zulma Peixinho
via:
http://portaldosanjos.ning.com
 
 
 

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