sábado, 12 de maio de 2012

QUESTÕES À BIDI (II) - 08-05-2012


Rendo Graças ao autor desta imagem




QUESTÕES À BIDI
08/05/2012
(II)


Pergunta: Aquele que terá atingido o Si sem sentir subir a Onda da Vida e aquele que não terá atingido o Si, mas terá sentido a Onda da Vida, irão em regiões vibratórias diferentes?

Qual o interesse de saber isso? Nenhum. Isto te afasta do que tu És porque isto te projeta em um futuro que não existe. É um conhecimento intelectual, uma satisfação do ego, nada mais.

Colocar-se a questão do seu futuro não conduz a nenhuma parte. Crer que tu o vais saber vai dar-te as respostas, é uma resposta que é inútil. Você não mexeu uma polegada. Entendes que a tua pergunta traduz a sede de satisfação intelectual, mental, nada mais, nem mesmo espiritual. Este é outro embuste. Enquanto tu te colocas este gênero de pergunta, tu não estás no que tu És, tu te afastas, largamente, porque tu vais procurar saber qual é o futuro.

O futuro te conduz ao seio da Ilusão, amanhã ou depois de amanhã ou quem sabe. Mas nem amanhã, nem depois de amanhã não existe. Tu não és concernido por isso. Isso faz parte das camadas que foram construídos a fim de simular, em vocês, a construção de outras camadas, de outras barreiras para a escada. Mas isso acabou. Tentes antes investigar-te a ti mesmo.

Não te ponhas a questão de amanhã ou de ontem. O que importa o que tu foste num outro saco de comida. O que importa o que tu serás: um saco de comida em tal Dimensão ou um saco de comida mais leve em outra Dimensão.

A questão do futuro apenas traduz o teu próprio medo do teu próprio futuro. Mas tu não tens nada a ser: tu já chegaste visto que tu nunca partiste. É o ego que acredita que ele partiu e que ele deve retornar, este é o Si. A questão é: o que sou eu? Não é o que eu serei, nem o que eu fui.

Claro que muitos dos Anciãos falaram-lhes dessas coisas, mas era uma estratégia, que era de alguma forma para vender-lhes alguma coisa, para dar-lhes. É uma isca, mas essa isca é chamada Amor, não é feita para manter a Dualidade, mas para mostrar-lhes e demonstrar-lhes as cordas, as peças do quebra-cabeça.

Ao contrário da pergunta anterior, tu quererás ver o quebra-cabeça completamente construído e ver o quebra-cabeça em todos os seus lados. Mas eu vou te dizer, no que te diz respeito: não há quebra-cabeça. Não há nada para se tornar. Não há nenhuma parte aonde ir. Há o que tu És e isto já está aqui. A curiosidade não é uma pesquisa. A curiosidade é uma complexidade. É o oposto de Simplicidade.

O Amor é simples: é o que tu És. O resto é só o saber, é apenas o alimento para o ego e para o mental, que vai te afastar do que tu És, deste simples, deste Amor, que é, eu o repito a ti, a tua Natureza, qualquer que seja o lugar aparente, supostamente para obter ou para merecer.

Entenda bem que não há nada a merecer, nada a obter, porque quem diz mérito ou obtenção do que quer que seja situa-se num tempo, e, portanto, não é Eterno. Tu és Eterno. Tu és a Eternidade.

Aí também, não projetes nada, não procures o que tu vais tornar-te, porque tu o És, desde sempre. Troques de ponto de vista. Mudes de olhar. Investigue. Olhe quem faz a pergunta e este gênero de pergunta, se não é aquele, em ti, que é efêmero e que quer ser melhor. Mas tu não tens que ser melhor, nem amanhã, nem hoje. Tu não tens nada a mostrar e a demonstrar a este mundo. Tu tens só que te mostrar, tu mesmo, tal qual tu És, sem artifícios.

O teu conhecimento não te servirá para nada: o que ele se torna quando tu morres? De que te servem teus conhecimentos? Estritamente para nada, para preencher o vazio, enquanto tu não estás vazio. Tu já estás cheio do que tu És, e isso não depende de qualquer conhecimento.

Aceita, aí também, ser ignorante. Tome consciência e torne consciente: não há futuro, tudo já veio, porque tudo chegou e nada partiu. Então, tu falas de um porvir? O porvir concerne apenas ao ego. De qualquer forma, ele desaparecerá. Agora tu estás livre, mas eu me remeto a ti como se tu quisesses alcançar o que tu És, como a cada um de vocês. Ouçam o que eu lhes digo: ninguém os julgará, porque não há ninguém. Ninguém os condenará. Aí também, não há ninguém.

Vocês não precisam criar um deus no exterior, ele não existe. Não há salvador, não há ninguém, exceto isso: O que tu És no não-Ser, tu o és agora. Não é amanhã, não é ontem, não é em outro lugar [alhures]. Apreende isso, aceita-o. Refuta todo o resto, sem exceção.

Tu procuras a paz, mas a paz já está aí. Tu constróis uma paz baseada no medo. Esta paz aí não pode suportar. Não há nada para proteger, é o ego que acha que precisa de proteção. Não há nada a defender, não há nada a conhecer deste mundo. Tudo isso são, aí também, projeções.

Tudo já está em Ti. Não busques uma saída. Não procures este porvir porque tu te afastas do que tu És, do instante presente, aquele que desemboca, um dia (se tu o deixas cair, este instante presente), sobre o Absoluto.

Tudo o que tu conheces, conheceste, ou conhecerás, não te serve para nada. Tu deves gravar isso no interior mesmo da tua pessoa (que não existe). Tu não és uma pessoa: tu és Absoluto. Tu não és a história que se desenrola diante dos teus olhos ou que se desenrolará amanhã. Não há história, portanto, não há amanhã, ontem ou hoje. Mesmo o instante presente (aquele do Si, aquele da Presença), é muito bonito, mas isso não dura. Que vai acontecer com a Presença e o Si quando esse saco desaparecer? Põe-te a pergunta.

Então é claro, é angustiante, porque toda a farsa espiritual é acreditar que o Si é Eterno, mas ele desaparece no mesmo momento que o corpo. O que é que permanece Eterno? O que é que resta, além do Absoluto? Tu crês que tu te lembras o que tu eras dentro de um outro saco de comida? Tu crês que tu vais levar esse corpo, essa memória, essa consciência, essa história? Não, tudo desaparece, exceto o que tu És, então nada pode ser dito, mas que aparece quando todo o resto desaparece, o que é conhecido.

Portanto, não procure conhecer um desconhecido que não concerne ao Absoluto, mas que concerne simplesmente a uma linearidade ou uma evolução inscrita na personalidade, mas que não te concerne de nenhum modo, se, todavia tu és Absoluto.

Então, se tu quiseres manter a ilusão, uma ilusão qualquer, não ouve o que eu te digo, não escutes o que eu te disse, não o leias, porque isso vai te desestabilizar, e este é o objetivo.

O amor está além do medo e o medo é quem vai destruir as tuas próprias barreiras e os teus próprios bloqueios para o Amor que tu És. Eu não tenho nenhuma finalidade, exceto a Alegria e a Felicidade para lhes dizer o que vocês não são, para fazer cair tudo o que vocês construíram como barreiras, em vocês mesmos, para sua Eternidade, para o Absoluto. E este não é um objetivo que está inscrito num tempo. Certamente, é preciso que o mental analise. Que ele o faça, um grande bem para ele. Ele desaparecerá.

Sirvo-me de suas próprias armas, porque eu as conheci. Atue da mesma maneira. De nada serve ter escrúpulos, de nada. Tu és Absoluto. Tu és isto. O ego tem escrúpulos, ele não pode sequer aceitar a eventualidade de que tu sejas Absoluto. É de tal forma vasto para ele, que ele o chama de nada. É de tal forma inverossímil, para ele, que isso é algo que ele não pode acreditar e tanto melhor, porque se ele fizesse disso uma crença ele se manteria, este ego.

Põe-te a questão: qual é o teu propósito? Se tu me respondes que há um objetivo, tu não és Absoluto. O Absoluto já está aí. Pare todo o resto.

Pergunta: A identificação ao corpo / Espírito continua presente de forma intermitente, por quê?

A questão não é porquê, mas para quem? Porque isso é bom para ti. Não há razão exterior ou um mecanismo exterior. O Absoluto, quando ele é vivido, cria uma ponte. Esta ponte permite a passagem e a integração de diferentes Passagens: do Absoluto ao Si, para a Presença e, às vezes, também ao eu.

O importante não é que esta identificação permaneça. Ou não. Ou o porque. Mas sim: para quem? Ou seja, que o Absoluto, como uma experiência total (mesmo nesta forma), não pode mais ser afetado por este corpo e este Espírito.

Então a questão é saber se tu és afetado por este corpo / Espírito, ou não. E se tu és afetado, para seguir uma investigação: o que resiste? Quem resiste? O porquê será sempre o medo e a dúvida, nada mais. O medo de perder, definitivamente, uma personalidade. E, claro, tu não podes perdê-la, visto que o saco está aí. Tu estás no saco, mas tu podes também sair dele. E isso depende de quem? De ti, e não mais de um porquê.

Não olhe mais o mecanismo: ele não existe. Cabe a ti e somente a ti, colocar-te na tua Eternidade, na tua Verdade, onde o corpo / Espírito está aí. Ele estará aí até o fim do saco. Mas isso não pode afetar de forma alguma, o que tu És. Se alguma coisa for afetada, é que o Absoluto não é revelado.

É o Si que é revelado em suas últimas consolidações. Porque o Absoluto deixa tranquilo o corpo e o Espírito: eles têm a viver o que eles têm a viver. Mas não és tu. Tudo vem do fato de que tu procuras, ainda (para assegurar-te, para ter o sentimento de existir), de colocar-te a ti mesmo, pelo momento, neste corpo e neste Espírito e jogar ao ser. Há muitas vezes por trás disto obrigações, consideradas como tais (morais, sociais, afetivas, profissionais), mas tu não és nada do moral, nada do social, nada do afetivo, nada do profissional.

Faça-o sem te apegar a isso, se é isso que te pede a tua vida. Tu não deves ser afetado por isso, pois o Absoluto que tu És não pode ser afetado de nenhuma maneira. O Si, sim. Vá então além. Olha este corpo / Espírito. Aceita que ele esteja aí. Mas não estejas mais, de forma alguma identificado a ele, nem tomes partido.

Vive o que a vida te pede, com o mesmo entusiasmo, mas sem te envolveres. O entusiasmo não é a implicação, porque a implicação é peso e responsabilidade, engajamento. O entusiasmo não se encontra no engajamento, mas no Absoluto, no Si. Serve-te desse entusiasmo.

Traze então o que tu És, no que se faz, sem seres tributário do resultado nem da própria ação. A ação acontece, pela própria personalidade, pelo corpo / Espírito. O Si o olha. O Absoluto tem o que fazer dele. Além disso, ele não faz nada: Ele É, no não-ser.

Tudo procede e deriva do não-ser, assim como a Fonte que tu, que tuas ações ou tuas inações. Sede entusiasta, mas não te envolvas, não te tornes pesado. E tu verás que tudo tornar-se-á leve porque assim o é, para o Absoluto, como para o Si. Tu não és aquele que agiu. Tu não és aquele que faz. Tu não és os teus engajamentos, mas respeita-os.

Se eles estão aí, eles têm sua razão pela personalidade. Tu deverias fazer do mesmo modo, o que quer que seja que a vida te dê a fazer, no mesmo entusiasmo, porque se não há o mesmo entusiasmo, para ações que levam à personalidade, isso significa o quê? Isso significa que tu te instalas no corpo / Espírito e na personalidade. Isso não serve para nada.

Porque a personalidade será sempre pesada, é o seu papel: aquele de torná-los pesados, de fazê-los crer que é preciso enraizá-los sempre mais. Mas vocês estão enraizados visto que vocês estão neste saco. Como o saco existe vocês estão enraizados. É o ego que irá sugerir-vos encarnar mais uma vez. Vocês não podem refutar que vocês estão encarnados, visto que vocês têm um saco no qual vocês estão. Então não procurem ficar pesados ainda mais, mas aliviem-se.

Deixem o entusiasmo do Si, o entusiasmo do Absoluto, trabalhar. Deixem fazer. Se tu te queixas do corpo / Espírito que ainda está aí, é que tu dás a ele ainda mais peso, gravidade demais. Coloca-te no entusiasmo, que não depende da personalidade, mas que incidirá sobre a tua personalidade, sobre este corpo / Espírito ( que te incomoda). Tu não serás mais concernido nem implicado, mas tudo vai ser como se tu estivesses implicado. E tudo se fará muito melhor do que quando tu estás implicado.

Porque a vida sabe o que ela faz, tu não. Tu crês sabe-lo, mas tu não o saberás jamais. Não te ocupes disso. Faze o que resta a fazer e deixa fazer. Que o teu ponto de vista seja aquele do Absoluto que tu És. Não o incomodes.

Então, se te parecer que alguma coisa se move em ti (um humor ou outro) é que o corpo / Espírito está na frente da tua cena. Quando tiveres visto isso, não há nada mais a compreender. Como sempre. Uma vez que o mental é desalojado, ele vai esconder-se em outro lugar. E quando ele não tem mais onde se esconder, ele capitula.

Então, por que o corpo / Espírito está presente de forma intermitente? Porque ele vive sua vida. É inútil querer por fim ao corpo / Espírito. Ele desaparecerá no seu tempo, quando ele houver feito o que tinha a fazer. Isso não te diz respeito. Não o rejeite mas aceita-o assim. Tu não estás em causa.

O movimento só é possível porque existe um centro que permite o movimento. Há um cubo central na roda. Se não houvesse cubo, a roda seria inútil. Nada iria avançar. Nada poderia virar. Mas devo lembrar-te que o centro não se move, não adianta. Isto é o que você É.

Deixa que venham as informações (quer elas sejam do Si, da personalidade, do corpo, do Espírito), mas não te envolvas. Deixa que prossiga o que se desenrola: tu não estás em causa. Assim é o Absoluto.

Isso não significa tudo parar, muito pelo contrário: tu não podes parar nada. Quem quer parar, é a personalidade, é o corpo, é o Espírito, o mental, porque ele está cansado. O ponto de vista não é bom, é limitado. Tu sais do Ilimitado que tu És.

Diverte-te com isso. Dize que tu o fazes para quem? Para a personalidade. O que tu És não precisa de nada. O que tu És não depende deste que vive a tua vida. Aceita-o e tu verás que tudo irá bem, porque tudo está bem. Porque nada pode ir mal, se o teu ponto de vista é o Absoluto. Se tu És Absoluto, tu não és envolvido por mais nada. Tu não és afetado por mais nada. A ilusão não tem mais peso.

Tu inseriste qualquer coisa na Ilusão, mas tu não estás sujeito a ela, de forma alguma. A leveza, ela está aí. A Liberdade e a Liberação, ela está aí (não em outro lugar [alhures]), no que tu És, exclusivamente. Então, o porque importa pouco. Porque o mental quer levar-te na compreensão, na insatisfação para, de alguma maneira, instruir-te contra o Absoluto (que não mantém suas promessas). Mas não há nenhuma promessa, no Absoluto. O Absoluto É. Ele é a Paz Suprema.

Não depende de nenhuma circunstância, de nenhum estado, de nenhuma perda, de nenhuma aquisição. Se tu chegas a ver isso, não haverá mais problema porque o problema não existe. Ele existe apenas para a pessoa. Vá além da consciência (seja ela qual for) e tu estarás estável porque no centro.

O Absoluto fornece uma forma de imunidade. Esta imunidade não é qualquer coisa para pesquisar, aí não mais: é qualquer coisa de natural, totalmente natural, que faz parte do Absoluto.

O Absoluto traduz-se pela Paz Suprema. Qualquer que seja a ação do corpo / Espírito, qualquer que seja a ação do meio ambiente, esta Paz Suprema não pode ser alterada de forma alguma, de qualquer forma. O corpo / Espírito vai [vivendo] sua vida.

Tu podes ser isso como tu podes não sê-lo. Tudo acontece porque tu, tu És Absoluto e tu não incomodas. Vê-lo. E se tu o vês, então vive-o. Não te apegues ao fruto das ações do corpo / Espírito (ou de suas não-ações). Não te sintas concernido, mas faze-o. O que o faz não é o Absoluto. É a parte de ti que está inscrita, ainda, neste corpo, neste Espírito. Vê isso assim, porque é assim. O abandono do Si é o Absoluto. Tu não estás mais envolvido.

Tu não és mais responsável, muito menos culpado, de qualquer coisa. Este mundo procurará sempre (de uma forma ou de outra) tornar-te culpado ou responsável, para ser uma causa ou uma causalidade, para manter a ação / reação. Mas tu És a Graça. Tu não estás em causa.

Vislumbra a Graça e tudo será Graça, mesmo o corpo / Espírito. Os obstáculos estão todos em ti. Não há nenhum obstáculo exterior: é uma crença (uma vez que nada existe). Não há exterior, não há mais do que projeções, ilusões. Ocupa-te somente do que tu és. Tudo o que deve desenrolar-se e realizar-se pertence ao corpo / Espírito. Mas o que se desenrola e se realiza no corpo / Espírito, não pode afetar o que tu és.

Se tu és afetado, então coloca-te a pergunta: quem tu és? Onde tu estás? Porque, necessariamente, tu és qualquer coisa e qualquer um e tu estás em qualquer parte. Isso quer dizer que tu és limitado e que tu estás inscrito no corpo / Espírito e não no Absoluto. Se tu apreenderes isto, então tu verás claramente o que acontece. Eis o porquê, que é sobretudo um por quem. Tu religarás atentamente o que eu te disse e isso aparecer-te-á da forma mais clara. Prossigamos.

Pergunta: se eu ler textos ou vir imagens sobre o Cristo e sua família, assim como personagens do Antigo Egito, as ressonâncias me apaziguam. Estou eu alimentando o meu mental e meu emocional ou estou eu curando uma parte da minha consciência?

Tu manténs a ilusão. Quando tu paras para pensar nisso, quando tu paras de ler sobre isso, quando tu paras de ver imagens sobre isso, que te tornas a tua paz, teu apaziguamento? Ele desaparece. Portanto, refuta isso. É o efêmero. Isso é passado. Tu não podes, de nenhum modo, encontrar uma paz duradoura e de nenhum modo, encontrar o que tu És.

Tu manténs memórias, lembranças, agradáveis, certamente, mas te distanciam de ti. Não há nada para curar. O que tu queres curar uma vez que isso não existe (exceto como lembrança ou memória)? Tu manténs o passado. E manter o passado te impede de ser quem tu És.

Claro que tu nutres o teu próprio emocional, o teu próprio mental, a tua própria personalidade, porque a reminiscência (real, suposta ou falsa) te conduz ao que tu nomeias de um apaziguamento.

Estar apaziguado não é estar em Paz. É um estado que vem, que chega e que parte. A Paz Suprema da Paz não é um apaziguamento. Tu manténs artificialmente o que não existe. Tu procuras recriar uma emoção, uma satisfação que (como tu o vives, é claro) é efêmera, não pode durar, não pode instalar-se, uma vez que tu és obrigado a reler ou rever as imagens.

Qual valor atribuir a isso, exceto aquele que lhe atribui o seu próprio ego, a tua própria pessoa? Lembra-te que tudo neste mundo ilusório e Maya, é feito para que você comemore, para que você se lembre, para manter, de algum modo, qualquer coisa vivente que não existe.

Todas as celebrações, quaisquer que sejam (cíclicas, anuais), têm somente este objetivo: afastá-los da Verdade. Qualquer que seja a comemoração, quer o evento seja doloroso ou feliz não muda nada. Ele não existe. Vocês mantêm o sonho, a projeção, a Ilusão, Maya. E vocês esquecem, vocês mesmos, o que vocês são.

Mas tu tens a Liberdade para determinar se tu preferes viver o apaziguamento e o final do apaziguamento, ou então, se tu preferes ficar em Paz, em permanência, na Eternidade. O resultado não é o mesmo. No primeiro caso, haverá sempre uma falta. E, claro, que haverá sempre uma falta porque isso não existe. Como é que o que não existe poderia preencher-te, que não seja uma ilusão, de esperança? Fazendo-te esquecer do essencial: o que tu És.

Então se tu refutas isso, qualquer que seja a dor, ela não vai durar. Tu deixarás aparecer a Paz Absoluta, a Paz Suprema. Mas é verdade que a personalidade ama muito o que se alterna, o que se move. A personalidade não pode viver o imutável porque o imutável traduz a sua morte.

E a personalidade não quer morrer. Ela se sente e se crê eterna, através das lembranças, através das comemorações, através das memórias, através de outros sacos de comida (que viveram outras coisas), aos quais o ego se identifica. É preciso ver isso. E tu deves determinar onde tu te situas em relação a isso. Tu te contentas com o apaziguamento ou tu estás no apaziguamento o mais absoluto, ou seja, a Paz Suprema? Cabe a ti decidir. Ninguém pode decidir em teu lugar.

Tu és o mestre de tuas próprias ilusões, de tuas próprias construções, de tuas próprias projeções: elas te pertencem (mesmo que não sejam mais do que o vento). E isso é só o vento: isso passa. O que tu almejas? O que tu procuras? Tu tens necessidade de procurar? Tu sentes falta, impulsionando-te a reproduzir a experiência, como tu o dizes? Essas experiências afastam-te da vivência do instante presente e do Absoluto.

O Absoluto não é uma experiência nem um estado: é o Último. E o Último fará sempre medo ao ego, à pessoa, ao mental, às emoções. Tu és as tuas emoções? Tu és os teus prazeres? Eles desaparecem sempre, os prazeres, quaisquer que sejam. Olhe bem de perto. Hoje, é isso. Ontem, era outra coisa. Amanhã isso será ainda outra coisa.

Assim é a personalidade. Ela se satisfaz com o efêmero e, através deste efêmero, pretende encontrar o Absoluto ou a evolução. Isso não existe. Porque tu serás apaziguado, mas isso não dura jamais, a menos que tu continues a ler 24 horas por 24 do teu tempo a contemplar as imagens, as mesmas.

Mas tu te aperceberás que a paz divertir-se-á, ela também. Não haverá mais apaziguamento. Haverá um aborrecimento. Tu te desviarás dele. É o Absoluto? Absolutamente não. É uma mentira. O que estou dizendo? Um pesadelo. Toda a vida humana que é baseada na repetição, na reprodução, sobre a necessidade de satisfazer, de preencher, é um erro, não existe.

Não há cinquenta maneiras de ser feliz e de estar em Paz. Há apenas uma: o Absoluto. Houve um que disse: "buscai o Reino dos Céus e tudo o mais será dado em acréscimo". Estaria o Reino do Céu dentro de uma história, fosse ela a mais prestigiosa? Toda história é falsa, ela não existe. Ela é apenas a forma de tentar fazer reviver alguma coisa, quer isso seja um conto de fadas ou uma religião, é a mesma coisa. Não há diferença: é um pesadelo, (chamando vocês para projetarem-se, cada vez mais, a buscar uma satisfação). É uma droga, nada mais e nada menos.

Tu não precisas de drogas: tu és Absoluto. A droga serve para adormecer e não para acordar. Porque mesmo uma droga que acorda do sono, faz adormecer depois de um tempo. Apreendas isso. Despoja-te de todo o supérfluo. Tu não precisas disso. Tu não precisas de nenhuma história, de nenhum modelo. Tu não deves manter nada. Porque tudo o que é mantido, pertence ao efêmero. Este corpo tem necessidade de ser mantido, de nutri-lo, de lavá-lo: ele é efêmero.

O que é o Absoluto, não precisa de manutenção: ele é independente deste mundo. E tu És isto. Cabe a ti ver, aí também, o que tu queres viver, o que tu queres ressuscitar. Tu és isto? Não. Não há sim possível. Cada saco de comida tem o seu veneno e sua droga. Eu o tinha quando eu estava sobre a Terra.

Mas eu sabia pertinentemente que isso não tinha nenhuma importância para o que eu era: o Parabrahman. Então, vê as drogas pelo o que elas são: uma distração. Mas tu não és isso. Aquele que precisa distrair-se, é o ego, a pessoa. Porque ela precisa esquecer que ela esqueceu. Há, por trás uma culpabilidade enorme. Este medo. O medo é químico. Esta pessoa é química.

O Absoluto não tem nada de químico. O Absoluto não é uma forma, em que ele esteja. A Morada de Paz Suprema não precisa de qualquer localização. Chama-se Morada [Demeure], porque ela permanece [elle demeure]. Mas esta não é uma morada.

Vocês estão como que hipnotizados pelas lembranças, pelas histórias, pelas memórias que sideram o que vocês são. Vocês não são nada de tudo isso. Não há nada para fazer viver ou reviver.

Não há nada para comemorar: é uma armadilha. Mesmo o Amor não precisa lembrar-se visto que ele é, de toda a Eternidade. Queríamos comemorar o retorno do Amor, do Cristo ou Krishna ou Buda. Que interesse? Este é o espetáculo de comédia ou um drama, dependendo do caso. Retirem-se de qualquer drama, de qualquer comédia, de qualquer espetáculo. Sejam, vocês mesmos, o que vocês São. Vocês não são nada de tudo isso. Todos os apaziguamentos que vocês procuram são distrações.

Vocês são o Absoluto. O corpo / Espírito portar-se-á ainda melhor se vocês o deixarem seguir, que vocês não se ocupem dele. Isso não quer dizer, não se lavar ou não comer. Isso significa deixá-lo evoluir no que ele é, por ele mesmo. Não se envolvam. E especialmente não em um passado, especialmente não em uma história, a sua ou qualquer outra, é a mesma coisa. Esqueçam tudo isso.

Vão para a Essência: o que não se move. Abandonem, mesmo o Si. Não procurem mais nada. Não façam o vazio pois vocês são o vazio, para o Absoluto que vocês São. Apreendam isso, tomem consciência disso, e vão além.

É muito simples. Horrivelmente simples. Afastem-se do que é efêmero, do que se chama uma reprodução, do que se chama uma satisfação, porque tudo isso pertence ao efêmero.




Mensagem de BIDI,
pelo site Autres Dimensions
em 08 de maio de 2012




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