Rendo Graças ao autor desta imagem
BIDI
07/05/2012
Questão:
quando faço uma pergunta, três quartos do tempo,
não compreendo a resposta.
Bem.
Se, então, existe, em três quartos do tempo, uma ausência de compreensão, resta-lhe, portanto, um quarto do tempo, no qual há compreensão.Eu lhe responderia que, para que lhe serve a compreensão?
A compreensão é, sistematicamente, um ato do mental que se apropria de uma resposta, qualquer que seja, e dela se satisfaz, porque ela nutre esse dito mental.
Nós podemos, portanto, dizer que, nos três quartos do tempo, há impossibilidade de nutrir seu mental. E, portanto, que você perde apenas o quarto de seu tempo.
As questões são infinitas.
As respostas são tanto quanto.
Quer isso esteja no âmbito que eu lhes propus ou no âmbito de qualquer interveniente, uma questão requer uma resposta, essa resposta requer outra pergunta.
Assim vai a vida do ser humano na ilusão.
A ilusão tem necessidade de tranquilizar-se, e ela se tranquiliza compreendendo.
Compreender jamais permitirá a você viver o que quer que seja em outro lugar que não no mental, em outro lugar que não na ilusão.
É necessário, justamente, superar e transcender toda compreensão: ir além da compreensão, o que quer dizer que a questão requer uma resposta, que, para além das palavras que são pronunciadas, para além do que é compreendido ou incompreendido, o objetivo não é, jamais, nutrir o mental, mesmo se isso dê essa impressão, e dê a vocês esse sabor.
O importante situa-se em outro lugar, bem além da ilusão, bem além, também, do que vocês podem perceber ou sentir, na presença de um interveniente ou de outro.
O importante está, exatamente, em outro lugar,
Porque esse outro lugar é o que vai permitir-lhe nutrir o Essencial e não o mental.
Nutrir o mental não nutrirá, jamais, o Essencial, porque o Essencial não é, jamais, mental e não pode ser nutrido pelo mesmo alimento.
O Essencial nutre-se de risos e de alegria.
Ele não pode, de modo algum, satisfazer-se com uma explicação lógica que vem da ilusão e que serve à ilusão.
O Essencial não é, portanto, acessível a qualquer compreensão, e eu diria que é preferível adormecer no que nós dizemos, ao invés de fazer funcionar, andar o mental para dele tirar algo que vai, finalmente e em definitivo, exclusivamente, nutrir o mental.
É claro, a compreensão vai satisfazer o ego e a personalidade, porque o ego e a personalidade vão, sem justa razão, apropriar-se da resposta e ter um elemento de nutrição que vai reforçar, de maneira permanente, o ego.
A compreensão vai reforçar as crenças, quaisquer que sejam.
As respostas às questões e as questões que vocês se fazem vão nutrir o mental, nutrir as crenças, reforçá-los ou invalidá-los em suas próprias crenças.
Obviamente, aí não está o objetivo de nossas conversas, nem de qualquer conversa concernente ao que vocês são e ao que nós somos.
É claro, as palavras são, frequentemente, um apoio – e vocês o sabem – para viver uma Vibração, uma consciência diferente, nova.
Mas, aí também, vocês devem ir bem além.
Aí também, eu os convido a não satisfazer-se, tanto com uma compreensão como com uma Vibração, mas transcender tudo isso.
Assim, eu lhe diria: faça calar a compreensão, faça calar a Vibração, porque você não é nem o que você compreende, nem o que você Vibra.
Vá além.
Durma.
É aí que você é mais eficaz, mais ativa: não aqui, mas Alhures.
Ora, eu a lembro de que você nada é do que é conhecido na ilusão.
Você é Alhures, na condição de estar plenamente presente, Aqui e Agora, nesse Alhures.
É preciso expulsar toda culpa, é preciso cessar todo julgamento sobre o fato de não compreender ou de compreender, porque nenhuma satisfação é real.
Ela nutre, eu repito, apenas o ego, apenas a personalidade.
Não ter perguntas ou não mais ter perguntas é, já, voltar-se para esse Alhures.
É, já, empreender, de algum modo, um retorno para Alhures.
A partir do instante em que você não nutre mais – por interrogações ou por respostas – seu próprio mental, a partir do instante em que você dele não se serve mais para nutrir a Vibração do Si, então, os espaços Absolutos, de algum modo, estão prontos para desvendar-se, para revelar-se a você.
No princípio da investigação que eu lhes propus, da refutação, é, justamente, a negação, se se pode dizer, de tudo o que havia sido compreendido e assimilado até o presente, que vai permitir, justamente, de algum modo, fazer desaparecer a máquina infernal que representa o cérebro, deixando o lugar limpo, o lugar livre para o que não é efêmero.
Eu a convido, portanto, a dormir porque, quando você dorme, jamais está tão perto da Verdade e do Centro porque, quando você dorme, você está, Aqui e
Agora, no Absoluto, mas não aqui e agora do ego ou do Si.
Isso prova, de maneira irrefutável, que, nos instantes em que você é capaz de superar a compreensão porque, como você diz, não compreendeu (ou seja, nos momentos em que você se encontra na incompreensão), é, muito exatamente, nesses momentos que você está – eu diria, de maneira figurada – ao mais próximo do Absoluto, contrariamente ao que vão sussurrar-lhe o ego e a personalidade, que querem fazê-la crer que, compreendendo as coisas, você se apropria de um estado ou de uma consciência nova.
Nada é mais falso.
Nada é mais distorcido.
Nada é mais ilusório.
Eu a convido, portanto, a entrar nos quatro quartos de tempo, nessa famosa incompreensão.
É claro, o mental e o ego, a personalidade vão girar a resposta em todos os sentidos, para tentar compreendê-la, assimilá-la.
Feliz aquele para quem não pode haver a mínima assimilação porque, naquele momento, não há mais nutrição para o ego e para o mental.
E essa nutrição, no entanto, está aí.
De algum modo, ela foi criada.
São palavras, são Vibrações que não podem perder-se.
Não é porque elas não são compreendidas, não é porque elas não são escutadas que elas não são entendidas.
O que foi entendido nutrirá, mais cedo ou mais tarde, outra coisa que não o que você conhece.
E abençoado esse momento no qual, justamente, essa outra coisa aparecerá a você.
Ela sempre esteve aí.
Ela está ao Centro de Você.
Ela é imóvel, ela é a ausência de movimentos.
Ela é permanente, eterna, não conhece, de modo algum, a compreensão, de modo algum, o ego, de modo algum, a personalidade.
Ela é, justamente, o que você pretende buscar e que não pode procurar e, portanto, não pode encontrar.
Porque o que procura é, sempre, o ego, sempre, a personalidade ou a ilusão do Si.
A partir do instante em que você aceita que nada há a procurar e, portanto, nada a encontrar, eu posso dizer-lhe que, naquele momento, o fruto está maduro.
Muito frequentemente, a personalidade, o ego vai retrair-se e chamar a isso o neant, o vazio, numa angústia total.
Jamais você esteve tão próxima do que você É, além do ser.
Eu a aconselho, portanto, a servir-se de seus três quartos de seu tempo, nos quais você não compreende, para deixar ouvir o que, em você, compreende (para além das palavras, para além da Vibração) porque, naquele instante, você sai do instante e entra, realmente, no Aqui e Agora.
O Aqui e Agora é necessário para aproximar-se do instante presente.
Mas o instante presente não é o instante eterno.
O instante presente é uma parada do tempo, uma saída da linearidade do tempo, que é o próprio e a especificidade do ego e do mental, ação/reação.
O instante presente faz você descobrir Aqui e Agora.
A potência do instante presente não deve ser, tampouco, uma busca ou uma finalidade, porque o instante presente deve desembocar no instante eterno, que não depende de qualquer instante presente.
O neant, o vazio, a angústia a mais total da personalidade e do ego é, certamente, o sinal maior de que o Absoluto revela-se.
Essa angústia da personalidade, esse vazio, esse neant, essa perda dramática, essa não compreensão, essa violência, mesmo, que pode existir naqueles momentos, é, certamente, o instante presente que vai ceder seu lugar ao instante eterno, no abandono do próprio Si ao não Si, ao não ser, ao Absoluto, que sempre esteve aí.
Apreenda e aceite que o fato de procurar e, pior, o fato de encontrar, faz apenas afastá-la do Absoluto.
Se você aceita isso (e não há grande coisa a compreender, eu admito), você terá dado um passo imenso para a imobilidade, para o que está além do vazio, além do pleno, além do mim, além do Si, portanto, no não Si e no não ser.
E, um dia, você rirá de si mesma, rirá de seu Si, porque você os terá lavado, não em qualquer vontade, não em qualquer compreensão.
Mas o que tiver sido entendido terá trabalhado.
Sem o conhecimento de seu consciente, uma vez que o Absoluto nada tem de consciente. Sem o conhecimento de seu Si, uma vez que o não Si nada tem a ver com o Si.
Em definitivo, eu lhe agradeço, portanto, por sua não questão, porque, justamente, há, aí, um motor que a põe na estrada, ao menos, creia, para um Absoluto porque, é claro, você compreendeu, não há nem estrada, nem caminho, nem compreensão, nem interrogação.
A resposta que eu formulo é apenas um meio de estar na alegria com vocês, exprimir sobre o que nada pode ser exprimido, ou seja, o Absoluto.
Apreendam, efetivamente que, através dessa frase, não há erro de linguagem, mas, efetivamente, uma Verdade imóvel, eterna e absoluta.
Você deve parar de procurar e de crer que vai encontrar e, pior, mesmo, encontrar.
Apenas a partir do instante em que você para a busca, a partir do instante em que você para de encontrar, a partir do instante em que você nada mais compreende é que pode surgir o que sempre esteve aí.
Não antes.
Porque a compreensão, como o caminho, como a estrada, são, em definitivo, apenas obstáculos que a impedem de viver, de penetrar o que sempre a penetrou: o Absoluto.
Como nós o dissemos: o Absoluto não é um estado, ainda menos uma experiência, ainda menos uma conscientização, ele está aí.
Ele sempre esteve aí.
O que quer que você faça, o que quer que viva (quer esteja viva ou morta, quer seu corpo esteja aí ou não, quer o mundo esteja aí ou não), o que está atrás daquele que observa é Você. Mas não você em um nome, não você em uma identidade, não você em conhecimentos, não você em seu intelecto, não você em uma história, qualquer que seja, não você em uma relação, qualquer que seja.
Se você ouve o que eu digo, bem, conforme onde você se coloca, ou você tudo compreendeu, ou nada compreendeu.
Eu a deixo adivinhar o que é, de algum modo, preferível para você, sabendo que eu não me dirijo, jamais, ao que apenas faz passar (ou seja, sua pessoa, ou seja, esse Si tão duramente adquirido).
Aceite que você nada pode adquirir que já não esteja.
Eu não lhe peço para compreender, mas entender, o que, estritamente, nada tem a ver.
Se você entende que nada há a obter, você nada pode, portanto, pôr em movimento, você pode apenas ficar tranquila, deixar fazer.
Se você entende isso, então, há o neant.
Mas quem vê o neant?
Vá além daquele que vê o neant.
Você não é Você, naquele que vê o neant.
Vá, não mais longe, porque nada há a superar, mas vá mais às profundezas, sem descer e sem subir.
Deixe, simplesmente, desaparecer o que é compreendido.
Deixe aparecer o que é incompreendido.
E você estará, se posso dizer, muito próxima.
Nós podemos avançar, permanecendo imóveis.
Questão: qual é a diferença entre transcendência e refutação?
É preciso, já, que esses dois termos apliquem-se a algo de comum, para falar de diferença.
Se, então, existe, em três quartos do tempo, uma ausência de compreensão, resta-lhe, portanto, um quarto do tempo, no qual há compreensão.Eu lhe responderia que, para que lhe serve a compreensão?
A compreensão é, sistematicamente, um ato do mental que se apropria de uma resposta, qualquer que seja, e dela se satisfaz, porque ela nutre esse dito mental.
Nós podemos, portanto, dizer que, nos três quartos do tempo, há impossibilidade de nutrir seu mental. E, portanto, que você perde apenas o quarto de seu tempo.
As questões são infinitas.
As respostas são tanto quanto.
Quer isso esteja no âmbito que eu lhes propus ou no âmbito de qualquer interveniente, uma questão requer uma resposta, essa resposta requer outra pergunta.
Assim vai a vida do ser humano na ilusão.
A ilusão tem necessidade de tranquilizar-se, e ela se tranquiliza compreendendo.
Compreender jamais permitirá a você viver o que quer que seja em outro lugar que não no mental, em outro lugar que não na ilusão.
É necessário, justamente, superar e transcender toda compreensão: ir além da compreensão, o que quer dizer que a questão requer uma resposta, que, para além das palavras que são pronunciadas, para além do que é compreendido ou incompreendido, o objetivo não é, jamais, nutrir o mental, mesmo se isso dê essa impressão, e dê a vocês esse sabor.
O importante situa-se em outro lugar, bem além da ilusão, bem além, também, do que vocês podem perceber ou sentir, na presença de um interveniente ou de outro.
O importante está, exatamente, em outro lugar,
Porque esse outro lugar é o que vai permitir-lhe nutrir o Essencial e não o mental.
Nutrir o mental não nutrirá, jamais, o Essencial, porque o Essencial não é, jamais, mental e não pode ser nutrido pelo mesmo alimento.
O Essencial nutre-se de risos e de alegria.
Ele não pode, de modo algum, satisfazer-se com uma explicação lógica que vem da ilusão e que serve à ilusão.
O Essencial não é, portanto, acessível a qualquer compreensão, e eu diria que é preferível adormecer no que nós dizemos, ao invés de fazer funcionar, andar o mental para dele tirar algo que vai, finalmente e em definitivo, exclusivamente, nutrir o mental.
É claro, a compreensão vai satisfazer o ego e a personalidade, porque o ego e a personalidade vão, sem justa razão, apropriar-se da resposta e ter um elemento de nutrição que vai reforçar, de maneira permanente, o ego.
A compreensão vai reforçar as crenças, quaisquer que sejam.
As respostas às questões e as questões que vocês se fazem vão nutrir o mental, nutrir as crenças, reforçá-los ou invalidá-los em suas próprias crenças.
Obviamente, aí não está o objetivo de nossas conversas, nem de qualquer conversa concernente ao que vocês são e ao que nós somos.
É claro, as palavras são, frequentemente, um apoio – e vocês o sabem – para viver uma Vibração, uma consciência diferente, nova.
Mas, aí também, vocês devem ir bem além.
Aí também, eu os convido a não satisfazer-se, tanto com uma compreensão como com uma Vibração, mas transcender tudo isso.
Assim, eu lhe diria: faça calar a compreensão, faça calar a Vibração, porque você não é nem o que você compreende, nem o que você Vibra.
Vá além.
Durma.
É aí que você é mais eficaz, mais ativa: não aqui, mas Alhures.
Ora, eu a lembro de que você nada é do que é conhecido na ilusão.
Você é Alhures, na condição de estar plenamente presente, Aqui e Agora, nesse Alhures.
É preciso expulsar toda culpa, é preciso cessar todo julgamento sobre o fato de não compreender ou de compreender, porque nenhuma satisfação é real.
Ela nutre, eu repito, apenas o ego, apenas a personalidade.
Não ter perguntas ou não mais ter perguntas é, já, voltar-se para esse Alhures.
É, já, empreender, de algum modo, um retorno para Alhures.
A partir do instante em que você não nutre mais – por interrogações ou por respostas – seu próprio mental, a partir do instante em que você dele não se serve mais para nutrir a Vibração do Si, então, os espaços Absolutos, de algum modo, estão prontos para desvendar-se, para revelar-se a você.
No princípio da investigação que eu lhes propus, da refutação, é, justamente, a negação, se se pode dizer, de tudo o que havia sido compreendido e assimilado até o presente, que vai permitir, justamente, de algum modo, fazer desaparecer a máquina infernal que representa o cérebro, deixando o lugar limpo, o lugar livre para o que não é efêmero.
Eu a convido, portanto, a dormir porque, quando você dorme, jamais está tão perto da Verdade e do Centro porque, quando você dorme, você está, Aqui e
Agora, no Absoluto, mas não aqui e agora do ego ou do Si.
Isso prova, de maneira irrefutável, que, nos instantes em que você é capaz de superar a compreensão porque, como você diz, não compreendeu (ou seja, nos momentos em que você se encontra na incompreensão), é, muito exatamente, nesses momentos que você está – eu diria, de maneira figurada – ao mais próximo do Absoluto, contrariamente ao que vão sussurrar-lhe o ego e a personalidade, que querem fazê-la crer que, compreendendo as coisas, você se apropria de um estado ou de uma consciência nova.
Nada é mais falso.
Nada é mais distorcido.
Nada é mais ilusório.
Eu a convido, portanto, a entrar nos quatro quartos de tempo, nessa famosa incompreensão.
É claro, o mental e o ego, a personalidade vão girar a resposta em todos os sentidos, para tentar compreendê-la, assimilá-la.
Feliz aquele para quem não pode haver a mínima assimilação porque, naquele momento, não há mais nutrição para o ego e para o mental.
E essa nutrição, no entanto, está aí.
De algum modo, ela foi criada.
São palavras, são Vibrações que não podem perder-se.
Não é porque elas não são compreendidas, não é porque elas não são escutadas que elas não são entendidas.
O que foi entendido nutrirá, mais cedo ou mais tarde, outra coisa que não o que você conhece.
E abençoado esse momento no qual, justamente, essa outra coisa aparecerá a você.
Ela sempre esteve aí.
Ela está ao Centro de Você.
Ela é imóvel, ela é a ausência de movimentos.
Ela é permanente, eterna, não conhece, de modo algum, a compreensão, de modo algum, o ego, de modo algum, a personalidade.
Ela é, justamente, o que você pretende buscar e que não pode procurar e, portanto, não pode encontrar.
Porque o que procura é, sempre, o ego, sempre, a personalidade ou a ilusão do Si.
A partir do instante em que você aceita que nada há a procurar e, portanto, nada a encontrar, eu posso dizer-lhe que, naquele momento, o fruto está maduro.
Muito frequentemente, a personalidade, o ego vai retrair-se e chamar a isso o neant, o vazio, numa angústia total.
Jamais você esteve tão próxima do que você É, além do ser.
Eu a aconselho, portanto, a servir-se de seus três quartos de seu tempo, nos quais você não compreende, para deixar ouvir o que, em você, compreende (para além das palavras, para além da Vibração) porque, naquele instante, você sai do instante e entra, realmente, no Aqui e Agora.
O Aqui e Agora é necessário para aproximar-se do instante presente.
Mas o instante presente não é o instante eterno.
O instante presente é uma parada do tempo, uma saída da linearidade do tempo, que é o próprio e a especificidade do ego e do mental, ação/reação.
O instante presente faz você descobrir Aqui e Agora.
A potência do instante presente não deve ser, tampouco, uma busca ou uma finalidade, porque o instante presente deve desembocar no instante eterno, que não depende de qualquer instante presente.
O neant, o vazio, a angústia a mais total da personalidade e do ego é, certamente, o sinal maior de que o Absoluto revela-se.
Essa angústia da personalidade, esse vazio, esse neant, essa perda dramática, essa não compreensão, essa violência, mesmo, que pode existir naqueles momentos, é, certamente, o instante presente que vai ceder seu lugar ao instante eterno, no abandono do próprio Si ao não Si, ao não ser, ao Absoluto, que sempre esteve aí.
Apreenda e aceite que o fato de procurar e, pior, o fato de encontrar, faz apenas afastá-la do Absoluto.
Se você aceita isso (e não há grande coisa a compreender, eu admito), você terá dado um passo imenso para a imobilidade, para o que está além do vazio, além do pleno, além do mim, além do Si, portanto, no não Si e no não ser.
E, um dia, você rirá de si mesma, rirá de seu Si, porque você os terá lavado, não em qualquer vontade, não em qualquer compreensão.
Mas o que tiver sido entendido terá trabalhado.
Sem o conhecimento de seu consciente, uma vez que o Absoluto nada tem de consciente. Sem o conhecimento de seu Si, uma vez que o não Si nada tem a ver com o Si.
Em definitivo, eu lhe agradeço, portanto, por sua não questão, porque, justamente, há, aí, um motor que a põe na estrada, ao menos, creia, para um Absoluto porque, é claro, você compreendeu, não há nem estrada, nem caminho, nem compreensão, nem interrogação.
A resposta que eu formulo é apenas um meio de estar na alegria com vocês, exprimir sobre o que nada pode ser exprimido, ou seja, o Absoluto.
Apreendam, efetivamente que, através dessa frase, não há erro de linguagem, mas, efetivamente, uma Verdade imóvel, eterna e absoluta.
Você deve parar de procurar e de crer que vai encontrar e, pior, mesmo, encontrar.
Apenas a partir do instante em que você para a busca, a partir do instante em que você para de encontrar, a partir do instante em que você nada mais compreende é que pode surgir o que sempre esteve aí.
Não antes.
Porque a compreensão, como o caminho, como a estrada, são, em definitivo, apenas obstáculos que a impedem de viver, de penetrar o que sempre a penetrou: o Absoluto.
Como nós o dissemos: o Absoluto não é um estado, ainda menos uma experiência, ainda menos uma conscientização, ele está aí.
Ele sempre esteve aí.
O que quer que você faça, o que quer que viva (quer esteja viva ou morta, quer seu corpo esteja aí ou não, quer o mundo esteja aí ou não), o que está atrás daquele que observa é Você. Mas não você em um nome, não você em uma identidade, não você em conhecimentos, não você em seu intelecto, não você em uma história, qualquer que seja, não você em uma relação, qualquer que seja.
Se você ouve o que eu digo, bem, conforme onde você se coloca, ou você tudo compreendeu, ou nada compreendeu.
Eu a deixo adivinhar o que é, de algum modo, preferível para você, sabendo que eu não me dirijo, jamais, ao que apenas faz passar (ou seja, sua pessoa, ou seja, esse Si tão duramente adquirido).
Aceite que você nada pode adquirir que já não esteja.
Eu não lhe peço para compreender, mas entender, o que, estritamente, nada tem a ver.
Se você entende que nada há a obter, você nada pode, portanto, pôr em movimento, você pode apenas ficar tranquila, deixar fazer.
Se você entende isso, então, há o neant.
Mas quem vê o neant?
Vá além daquele que vê o neant.
Você não é Você, naquele que vê o neant.
Vá, não mais longe, porque nada há a superar, mas vá mais às profundezas, sem descer e sem subir.
Deixe, simplesmente, desaparecer o que é compreendido.
Deixe aparecer o que é incompreendido.
E você estará, se posso dizer, muito próxima.
Nós podemos avançar, permanecendo imóveis.
Questão: qual é a diferença entre transcendência e refutação?
É preciso, já, que esses dois termos apliquem-se a algo de comum, para falar de diferença.
Fala-se de diferença de cor de pele, quando se fala de uma pele que é branca ou de outra de cor.
Qual é o elemento comum que existe entre a refutação e a transcendência?
Se não é, eu penso, na cabeça, que você deve passar de um ao outro.
A refutação é uma ginástica que visa fazer descarrilar o mental, siderá-lo, de algum modo, afogá-lo em suas próprias certezas, em suas próprias crenças, para demonstrar e mostrar a ele que elas não têm sentido algum.
A transcendência evoca, geralmente, uma passagem de um estado a outro, de um momento a outro, passagem de um estado ou de um momento que evoca, de algum modo, uma transformação, uma possibilidade de ponte de um ao outro.
A refutação é tudo, exceto uma ponte, porque a refutação é uma ação inscrita na ilusão, que quebra a ilusão.
A transcendência é posta como condição de que há um estado que deve dar outro estado.
A refutação não permite passar de um estado a outro estado.
A refutação vai suprimir todos os estados.
Tendo feito desaparecer todos os estados, o que sempre esteve aí pode, enfim, aparecer àquele que, se se pode dizê-lo, olha.
E aquele que olha vai, em definitivo, tornar-se esse Absoluto.
A transcendência é uma dinâmica: há um movimento, aparente, suposto ou real.
A refutação visa destruir todo movimento, sem esforço, simplesmente, jogando o jogo, de algum modo, do mental ilusório e o jogo da personalidade.
A transcendência é, já, encarar que há uma passagem e, já, geralmente, essa passagem é aquela do Eu, da personalidade, ao Si.
Mas não há qualquer transcendência entre o Si e o não Si.
Isso não é possível.
Não se passa de um estado a outro.
Não há ponte.
Simplesmente, quando o não Si é estabelecido, naquele momento, vocês podem voltar a passar no Si e no Eu. E isso se torna, para vocês que estão na forma, um jogo, mas é válido nesse sentido.
Pode-se dizer que a ponte existe nesse sentido, e que, realmente, aí, sim, há transcendência: do não Si para o Si.
Eventualmente, do Si para o Eu.
Há transcendência do Eu para o Si, mas não pode haver transcendência do Si ao não Si.
Não há ponte.
A ponte é construída apenas no outro sentido.
É uma ponte de sentido único, mas que permite o duplo sentido, depois.
A transcendência não pode, portanto, concernir ao Absoluto.
A transcendência concerne apenas à passagem do Eu ao Si.
O problema do Si, seja ele o mais vasto, é sempre um confinamento.
Antes de ser o Si, antes que esse corpo exista, antes que esse saco de alimento apareça, será que o Si estava aí?
Será que havia uma consciência para observá-lo?
O Absoluto é tudo, exceto a consciência, tudo, exceto o Si, tudo, exceto o Eu, porque o Si, como o Eu, são efêmeros.
Não pode existir transcendência nesse sentido.
A transcendência é útil para aquele que quer passar do Eu ao Si.
Mas essa transcendência não pode ser levada adiante, de maneira alguma, na passagem do Si ao não Si, uma vez que não há passagem.
Isso se junta à problemática da questão e da resposta.
Enquanto vocês procuram uma passagem (que não existe), enquanto vocês encaram uma transcendência, há – subentendida, em vocês – a necessidade de persistência numa identidade, quer ela seja limitada, como o Eu, ou vasta, como o Si. Mas vocês não são uma identidade, ainda menos uma história, qualquer que seja a história, porque a história desenrola-se na ilusão.
Vocês são bem além de qualquer história ou de qualquer transcendência.
Vocês não podem ali chegar adotando tais pontos de vista, porque vocês não sabem, vocês não têm qualquer consciência do que era, antes, esse saco de alimento e, mesmo se conheçam outros sacos de alimento que foram, supostamente, vocês, antes, em outras vidas, onde vocês estiveram entre os dois sacos de alimento?
O que vocês faziam?
Se vocês têm a resposta para isso, então, a resposta é verdadeira.
Mas tudo o que vocês supõem antes é falso.
A refutação é aceitar servir-se da ferramenta que crê, sempre, ter razão, para mostrar a ela que ela não é a razão, que não há qualquer lógica na razão, que essa lógica pode apenas servir na ilusão para manter a ilusão, para conservar a ilusão, para nutrir o ego ou nutrir o Si.
Mas o Absoluto não pode ser nutrido por isso.
Eu diria que abafa um pouco mais, que afoga um pouco mais.
Lembrem-se: o Eu, o Si farão tudo o que está no poder deles para que, jamais, vocês estejam imóveis, para que, jamais, o Absoluto seja vivido.
Há apenas a refutação.
Não há qualquer meditação, qualquer espiritualidade, qualquer Vibração que possa conduzi-los ao não Ser.
Certamente, essa transcendência do Eu ao Si, nos primeiros tempos, é útil (ou mesmo indispensável, porque ela vai tranquilizar o Eu, o Si), demonstra que o Eu é ilusório.
Mas quem vai demonstrar que o Si é ilusório?
Ninguém, porque o Eu não está mais aí quando o Si está aí.
Vocês devem, portanto, não transcender, mas fazer calar tudo o que é
o Si. Mas esse fazer calar não pode realizar-se daí onde vocês imaginam estar.
De modo algum.
Essa transcendência, assim nomeada, é, de fato, apenas a refutação que permite enfraquecer os fundamentos do Eu e do Si, criando – e o termo é exato – um curto-circuito.
O que é um curto-circuito?
É, justamente, o que não vai tomar o circuito natural, e que faz, portanto, interromper o que para nada serve.
A refutação é servir-se – de algum modo, no exemplo que tomei – da corrente existente, dessa vitalidade efêmera sustentada pelo corpo de nutrição (quaisquer que sejam os nomes eruditos que vocês empreguem: chacra, Kundalini, Estado de Ser), para fazê-lo interromper.
Naquele momento, a refutação vai fazê-los desembocar no que é real, porque – compreendam – o real não pode mudar porque, se ele muda, ele não é o real.
O real é imóvel.
Ele não se importa com o mundo, ele não se importa com vocês, com sua história, com qualquer história.
E vocês são isso.
Nada mais.
E, portanto, se você põe, calmamente, essa refutação, compreenderá que nada há a buscar, nem a encontrar, porque tudo sempre esteve aí.
Mas é preciso cessar todos os Eu, todos os Si, todas as paródias de espiritualidade.
Mesmo a Alegria, que foi tão útil em seu caminho, deve ser transcendida, mas não pode ser transcendida.
É, de fato, o riso do Absoluto que faz a passagem, mas não no outro sentido.
Nesse sentido, e unicamente nesse.
Então, se você ri de você, se ri de seu Si, se ri de tudo, primeiro, isso vai angustiá-lo, porque a espiritualidade é séria, não é?
Fala-se de eternidade, fala-se de permanência, de imanência, de transcendência, mas é preciso rir de tudo isso, porque isso muda e, enquanto alguma coisa muda, não é real.
E você mesmo muda todas as manhãs, portanto, não é real.
É o ego que vai fazê-lo crer nisso, que vai aportar uma substância ao que é irreal.
O real não pode mudar.
Ele é Absoluto.
Tudo o que você manifesta muda: seu humor, seu físico, aquele que observa.
Se posso exprimir-me assim, vá para o vazio, vá para o que seu ego chama o neant. E você encontrará o que é pleno, o que não se move, o que não muda.
Isso sempre esteve aí e você É isso.
Você descobrirá, então, que não tem que se gargarejar de Amor ou de Luz, porque é, muito exatamente, o que você É, e você nada mais É.
Se você vislumbra a Luz e o Amor como exteriores a você, como uma busca, como uma procura, você não poderá, jamais, encontrá-los.
Você poderá apenas vê-los, porque você se distanciou e separou-se do que você É, no real.
Você tem apenas que Ser isso, no não Ser, no não Si.
Você quer ser feliz?
Não há outra coisa para ser feliz.
Todo o resto faz apenas passar.
Mesmo a Alegria.
Mesmo o Kundalini.
Mesmo os chacras.
O que se tornam seus chacras quando você morre?
O que se torna seu Kundalini quando você morre?
Você pode levar seu Kundalini ao outro lado?
O que você leva?
Você vai levar suas lembranças?
Vai levar sua história?
Tudo isso muda.
Isso não é real.
E você É real.
Refute, e você verá o que acontece e que sempre esteve aí.
Transcenda se quiser, mas, sobretudo, refute.
Transcender não basta.
Refutar basta, totalmente.
Fique tranquilo.
Aprenda a ficar tranquilo.
O que vocês nomeiam a espiritualidade cansa-os, mais do que outra coisa.
Agradeçam, mesmo, não compreender.
Agradeçam, mesmo aqueles que não viveram o Si, porque o campo está livre para o real e para o não Si.
Não se acede ao não Si a partir do Si, mesmo se é uma etapa que parece real.
O não Si não se importa com o Si e, ainda menos, com o Eu.
A Fonte sai do Absoluto.
O Absoluto contém a Fonte.
A Fonte não contém o Absoluto, mesmo se o Absoluto esteja presente na Fonte.
Não pode ser de outro modo.
Assim como seu Eu tornou-se possível pelo Absoluto.
E ele não sabe.
Se você refuta assim, dessa maneira, seu progresso – se é que se possa falar de progresso – será fulminante.
Mas lembre-se de que o ego vai tudo fazer para dizer-lhe que é estúpido, enquanto é ele que é estúpido.
Não dê qualquer importância ao que passa.
E você, aliás, você faz apenas passar.
Dê-se conta dessa absurdidade.
O que você é, é Absoluto.
O erro é crer que esse corpo, essa história, esse caminho são o Absoluto.
O Absoluto permite isso.
Se não houvesse Absoluto, não haveria Eu, história, nada.
Ora, nada há.
No máximo, a percepção do neant, da angústia, mas, mesmo essa angústia, é sustentada pelo Absoluto.
Sem Absoluto, sem angústia.
Mas tudo isso é para refutar porque, se eu lhe peço para transcender uma angústia, como você vai fazer?
Questão: a compaixão do coração – em oposição à compaixão da cabeça e à vontade de Bem – pode tender ao Abandono?
Jamais.
É impossível.
Porque a compaixão depende, sempre, da personalidade ou do Si.
A compaixão é exercida para com algo que é considerado como exterior.
O objeto da compaixão é uma projeção.
A compaixão conduz ao Si, mas, jamais, ao não Si, porque a compaixão, ação do Coração ou da cabeça, nada muda.
Do mesmo modo que manifestar o Amor, dar o Amor não é Ser o Amor.
Vocês projetam apenas o que falta.
O Absoluto nada falta.
E, portanto, vocês São Absoluto.
Manifestar ou exercer uma compaixão de Coração coloca-os, de maneira permanente, na ilusão, porque vocês mantêm algo de exterior: há vocês, há o outro.
E vocês manifestam uma compaixão para com uma situação, para com um ser. É justificado, enquanto vocês são dependentes da Dualidade, da Ação/Reação.
A Vontade de Bem, como a compaixão, é apenas segunda opção da dualidade, que os faz crer que vocês estão num caminho correto, mas mantém, permanentemente, a distância entre vocês e o outro.
Não há vocês.
Não há mais outro.
É uma ilusão.
Como é que algo que é manifestado na ilusão poderia conduzir a qualquer Abandono?
Quem disse isso?
Quem testemunhou isso?
Vocês São o Amor.
Vocês São a compaixão.
Mas, se vocês exercem uma compaixão, colocam uma distância: vocês não estão mais ao Centro, vocês não são Absoluto.
É claro que é preferível exercer a compaixão do que matar.
Mas nesse preferível há, sempre, uma situação na ilusão.
Uma ilusão mais agradável, mas, sempre, uma ilusão.
Nenhuma ilusão pode fazê-los aceder ao Verdadeiro, ao Real.
Enquanto vocês agem na ilusão (e eu diria, mesmo, sobretudo, se vocês são persuadidos de agir para o Bem, mesmo sem vontade de Bem), se vocês são persuadidos de que são um ser que se compadece, amoroso, caridoso, vocês não moverão um pingo da ilusão e estarão muito longe do Absoluto.
O não Ser não se importa com o Ser, qualquer que seja o Ser, o que quer que manifeste o Ser.
Um Ser que passou sobre a Terra disse: «vocês não são desse mundo».
Portanto, o que vocês exercem nesse mundo, ali colocando sua consciência, mantém vocês no mundo.
Mesmo isso é para refutar.
O mundo não tem mais legitimidade do que você, do que sua história, do que qualquer compaixão.
A compaixão é uma manifestação alterada do que você É, que o faz considerar o outro como sujeito à compaixão.
Deixe cair tudo isso.
Você não tem necessidade disso.
Não existe solução de continuidade.
Crer ou fazer crer que, porque você se compadece, vai sair desse mundo, é falso. Ou, então, seria necessário que o conjunto de sua vida fosse apenas compaixão e você estivesse na compaixão diante da formiga, como diante do elefante, como diante do inimigo.
Porque você mostraria, naquele momento, que sua compaixão não é dependente de circunstâncias ou do objeto da compaixão.
Isso jamais é o caso, é claro.
Lembre-se do que eu respondi antes: não há ponte, não há continuidade nesse sentido.
Mas, se você é Absoluto, é claro que poderá compartilhar.
Mas você não interferirá mais no mundo, no que crê, ainda, ser um outro, separado, dividido.
Como você quer ver a engrenagem enquanto tem um dedo na engrenagem, enquanto você é uma roda dela, mesmo?
A compaixão é louvável, mas louvável no sentido da moral.
No sentido espiritual, não é Absoluto.
Você deve superar isso, refutando-o, aí também.
Eu não lhe peço para ser mau, tampouco.
Eu lhe peço, simplesmente, para ver que você não é nem um, nem o outro.
É próprio do ego crer que ele vai persistir.
É próprio do efêmero fazê-lo crer que ele é eterno.
É próprio do falso fazê-lo crer que ele é verdadeiro.
Não existe qualquer satisfação que lhe abra as portas do Céu, porque não há Céu.
Não há mais Inferno.
Há apenas uma projeção, fora do Absoluto, que se crê autônoma e que crê que seja possível manter o efêmero, ao mesmo tempo voltando ao Absoluto.
Não há continuidade.
Você é o Amor.
Exprimir a compaixão é uma projeção do Amor.
Em repito: é mais agradável viver e sentir a compaixão do que outra coisa, mas, mesmo sentir isso não o conduzirá, jamais, ao Absoluto.
É mais agradável ter que fazer a uma personalidade que se compadece do que a uma personalidade paranoica.
Mas é, sempre, uma personalidade.
É, sempre, o efêmero que acompanha um saco de alimento.
Contrariamente ao que se pode imaginar, não é porque seu saco de alimento vê uma compaixão a exprimir em face de outro saco de alimento, afirmando que você vê além do saco de alimento, que você vai, realmente, crer que isso possa ser verdadeiro.
É uma ilusão.
O outro não tem mais substância do que você.
É a personalidade que quer transformar-se que fala de compaixão.
É o Si que vai falar de compaixão e de identificação aos modelos espirituais: o Cristo, Buda, Krishna, eu passo disso e dos melhores.
Mas você pode dizer-me onde estão esses profetas hoje?
Você pode dizer-me onde eu estou, sem vir a mim?
Não.
Você pode apenas projetar um ideal, uma conduta.
Mas você não é o ideal.
Você não é a conduta.
Esqueça tudo isso.
Refute tudo isso.
Você É Absoluto.
Se você fosse capaz, a cada sopro, de preencher-se desse Real, você se tornaria o que você É, com extrema rapidez.
Em lugar disso, você percorre, de vida em vida, de saco de alimento em saco de alimento, correndo junto a algo que jamais pode pegar.
É como o burro, diante do qual se colocou uma cenoura na ponta de uma vara.
Será que você compreende a imagem?
Não há burro, não há cenoura, é uma projeção.
Isso não tem existência, substância.
É inscrito em um tempo que é limitado pelo nascimento e pela morte.
O que você vai fazer de sua compaixão do outro lado?
Um passaporte?
Ele não será reconhecido.
Questão: o Absoluto é, então, o Tudo, sem forma, sem identidade, sem Consciência: o neant?
Não.
Quem diz isso é a personalidade.
A personalidade vai fazê-lo crer que o Absoluto é o neant, e tanto melhor.
Mas não é o neant.
É o neant para a personalidade, para o ego.
É o ego que é apegado a essa noção de neant.
O neant é a última etapa – se posso exprimir-me assim – que precede o Absoluto.
Para o Absoluto é você o neant, porque você é um saco de alimento, nada mais.
Esse corpo morre, o que quer que você faça e o que quer que você diga.
É uma certeza.
Portanto, você retorna ao neant.
O que desaparece é esse corpo, essa consciência.
Portanto, de seu ponto de vista, o Absoluto é o neant.
Eu lhe respondo que, do ponto de vista do Absoluto, é você o neant.
Você não tem consistência.
É o ego que o faz crer que você seja algo e que é preciso realizar o Si.
Lembre-se: o Absoluto é-lhe desconhecido.
Desconhecido não quer dizer neant.
Em contrapartida, sim, você é o neant, porque você não é Absoluto.
Você não pode falar do que não conhece.
Você não pode apreender-se dele.
Você não pode compreendê-lo.
Você pode apenas vivê-lo.
Mas os guard-rails são numerosos.
O ego vai dizer-lhe: é o neant.
O ego vai dizer-lhe: «isso não é verdade».
Porque você se atém à sua história, porque você se atém à sua espiritualidade, porque você se atém ao que é falso e crê que é verdadeiro.
Você é apenas um ser de crenças.
Você se apoia em crenças, apoia-se em areia movediça, que desaparecerá ao mesmo tempo que você.
O que eu lhe proponho é refutar isso.
Não se ponha a questão do que há atrás.
Você não pode sabê-lo, você não pode vivê-lo enquanto não refutou.
Então, você pode portar todos os julgamentos sobre o Absoluto, dizer: «é o neant, é o nada, é o vazio», mas você não tem, dele, qualquer experiência.
Caso contrário, jamais você poderia dizer isso.
As palavras, mesmo, que você emprega, mostram, efetivamente, que você está na ilusão e que sua suposição é falsa.
O Absoluto não é o vazio: ele é, também, o vazio.
O Absoluto não é o neant, ele é, também, o neant.
A personalidade não será, jamais, Absoluta, porque ela é efêmera e ela muda.
A personalidade não conhece a Alegria, porque a Alegria alterna, sempre, com o sofrimento, porque há necessidades, desejos (tanto espirituais como físicos, como psicológicos).
O Absoluto não tem desejos, nem necessidades.
Ele é Real.
Você é irreal.
E o irreal pretende conhecer o Real.
É impossível.
Ele faz do Real uma representação, a partir de um ponto de vista que é falso.
A representação pode apenas ser falsa.
Lembre-se: o Desconhecido não pode ser conhecido por você, porque você (além desse saco, além de suas reivindicações), você É isso.
É preciso cessar toda projeção.
É preciso cessar toda suposição, toda crença.
O Absoluto não é uma crença.
Não faça, dele, uma crença.
Ele não é, tampouco, uma suposição.
Ele é Real, o que não muda, jamais, o que era antes que você estivesse ou que você aparecesse sobre esse mundo.
Esse mundo não é Absoluto: ele muda.
Para o Absoluto, ele não existe.
O mundo é apenas uma falha na pureza do não Ser, na Transparência do não Ser, do Absoluto.
Enquanto você pensa o inverso, você se condena a si mesmo a continuar limitado e pretende procurar o Ilimitado.
Se você procura o que quer que seja, é você que admite e pensa que você é vazio.
Caso contrário, por que procurar preencher o que quer que seja de Alegria ou de espiritualidade?
O Absoluto nada procura.
Ele não pode procurar.
Ele nada pode encontrar.
É você que espera encontrar.
É você que procura.
Mas você não pode encontrar, nem procurar o que você É, porque você o É.
Perceba a estupidez da proposição: você É o Amor e procura o Amor.
Você não pode procurar o que você É.
E se você não sente o Amor, isso prova, efetivamente, que é você que se considera, mesmo se não o queira, como vazio.
O neant é efêmero.
Esse corpo é efêmero.
O neant é, portanto, você, nessa aparência, mas não você, no que você É, para além de todo ser, de toda história.
Reflita: quem põe a questão, mesmo se a personalidade é o retransmissor dela?
Quem supõe?
Quem crê?
Quem espera?
Quem se projeta?
Quem imagina?
Certamente, não o Real.
Mas, justamente, o que é vazio e que tem necessidade de preencher-se ou que crê dever preencher-se, porque não se reconheceu.
Você não sabe quem você É, enquanto você crê saber quem É, porque os elementos que você chama o conhecimento, mesmo de você, são apenas função de julgamentos e de crenças.
Você não se apoia em nada de eterno, nada de real enquanto permanece tributário, de uma maneira como de outra, de circunstâncias desse mundo.
Quando você dorme, o mundo não existe mais para você e, no entanto, você está seguro de levantar-se pela manhã e de reencontrar o mundo.
Quem lhe disse isso?
É certo número de experiências ligadas aos seus anos e aos seus dias que lhe fazem supor que isso é verdade.
É verdade até o momento em que isso não será mais verdade.
Imagine que você morra durante seu sono.
Será que o mundo existirá no dia seguinte?
Não.
Portanto, você dorme com uma certeza vinda de uma crença, mas não da Verdade.
O Real não se importa com o mundo.
É o mundo que é vazio.
É o mundo que é o neant.
Ele é Maya.
E tudo o que está dentro é Maya.
Exceto você.
Mas não você no que é limitado, não você nessa história, nesse corpo, nessa vida.
Mas eu me dirijo a você, o Real.
Enquanto você crê que o Absoluto é o neant, você pode estar seguro e certo de que o que sussurra isso é seu mental e nada mais.
Você vai crer no que lhe diz seu mental?
Ele lhe diz que o dia vai levantar-se amanhã.
Você está certo disso?
Não é a repetição do dia e do número de dias de seus anos que lhe dá a certeza disso.
É uma crença.
Toda crença cessa, um dia.
Mesmo os cientistas dizem que esse mundo cessará em bilhões de anos.
Ele não é, portanto, permanente, mesmo se ele lhe dê, na escala de sua vida, efêmera, uma impressão de permanência.
Nada é permanente na ilusão.
Nada é real.
O Absoluto é o único Real.
Refute o mundo, mas não projete o neant no Absoluto, porque é o mundo que é o neant.
Ele se aniquila, aliás, assim que você fecha os olhos e dorme.
Só a crença na persistência dele o faz dormir sem angústia, sem medo.
Questão: se eu sinto um medo do qual não conheço, forçosamente, a causa, a atitude correta é refutar a pessoa que prova esse medo, a pessoa que adere à própria história e, em seguida, deixar estar essa sensação de medo, sem a ela prestar atenção?
O medo, já, é uma secreção de moléculas.
Ele não tem mais consistência, esse medo, do que o peso que você dá a ele.
Querer conhecer a causa para nada serve, mesmo se a causa seja identificada, você pode crer que o medo vai desaparecer.
Geralmente, esse não é, jamais, o caso.
O medo é oriundo apenas da ignorância, não de uma causa, mas do que você É.
O que prova o medo é o efêmero da pessoa.
Isso quer dizer o quê?
Que, se você exprime que sua pessoa sente o medo, isso quer dizer, simplesmente, que a pessoa existe e que ela tem peso, uma vez que o medo consegue perturbar você.
O fato de negar o medo vai bastar?
Não.
O fato de refutar o medo vai bastar?
Tampouco.
O fato de refutar a pessoa que sente o medo, basta?
Tampouco.
Então, considere que o medo não tem mais existência do que a pessoa, que um medo – se você, efetivamente, observou, e você o diz, você mesmo – faz apenas passar ou aparecer e desaparecer, mesmo se ele é intenso, nenhuma emoção pode durar.
Ela pode reproduzir-se, mas esgota-se, por si mesma.
Não é preciso, portanto, nutrir o medo.
Isso não quer dizer negá-lo, não vê-lo, eu, efetivamente, disse: não nutri-lo.
Ora, logo que você observa o medo, você o nutre.
Do mesmo modo que o mental: dar atenção ao medo dá peso a ele.
Então, é claro, existem meios, no mental, de evitar o medo, de combatê-lo, de identificá-lo quanto à sua causa.
Mas, inevitavelmente, mesmo se isso faça bem, reforça a pessoa.
Isso perpetua a ilusão, perpetua as crenças.
A primeira etapa, se etapa há, é sair do eu, estabelecer a consciência em outro ponto de vista, aquele do Si e, talvez, também, do não Si, assim que você aceite ver o medo (não negá-lo ou refutá-lo) pelo que ele é, ou seja, uma secreção química.
Você não vai me dizer que você é uma secreção química.
O medo é uma emoção.
Ele é, sempre, uma reação a uma suposição, a uma história.
Todo o princípio desse mundo é o de fazê-los aderir às suas histórias, às suas emoções, às suas suposições, às suas crenças.
Mas você nada é de tudo isso.
É claro, não é porque, quando vive o medo, que você vai dizer: «eu não sou o medo», que ele vai desaparecer.
Mas aproveite de momentos em que o medo deixa-o tranquilo para Viver que você não é essa história e essa pessoa e que esse saco de alimento que você habita não tem necessidade de você para viver.
Ele tem necessidade apenas de alimentos, de ser nutrido.
Mas não nutri-lo de outro modo.
O medo é apenas uma secreção desse saco, como a tristeza, como a
angústia. São suposições, construções, efêmeras, que não têm qualquer Realidade, qualquer Verdade.
Aí também, quando o medo está aí, se você consegue ter-se tranquilo (desta vez, além da refutação, além da identificação), se você se coloca naquele que observa o que se desenrola, você constatará que o medo tem menos tomada para você, no que você é.
E, muito rapidamente, uma emoção, como uma doença, poderá concernir esse corpo, essa personalidade, mas você, você não será concernido.
O problema é que, quando o corpo vai bem, vocês não têm problema algum para não ser esse corpo e, mesmo, para dele escapar por outras crenças.
E, o dia em que esse corpo não funciona, o que vocês fazem?
Vocês estão doentes.
Isso quer dizer o quê?
Isso quer dizer que vocês estão identificados a esse corpo, a tal ponto que têm medo de perdê-lo.
O medo da morte, todos os medos decorrem daí, porque vocês têm medo do Desconhecido, do neant, porque vocês não conhecem o Absoluto.
Ser Absoluto é não se preocupar com esse corpo.
Nutri-lo, mantê-lo, mas não identificar-se a ele, de maneira alguma.
Quer ele esteja em boa saúde ou perto da morte, não é você.
Se o medo manifesta-se, é que vocês estão apegados a esse corpo, a esse saco.
Vocês creem ser esse saco.
Todo medo vem daí.
Mesmo se vocês falam de crenças no além, mesmo se falam de experiência mística, vocês não estão desenganchados da ilusão, do efêmero.
Vocês não aceitam o efêmero, porque a personalidade acredita-se eterna, ela se crê Real.
Mas a doença vem demonstrar o contrário, a morte também, de maneira ainda mais forte.
Então, vocês vão dizer-me: e o sofrimento?
Mas o sofrimento é apenas a concretização do medo.
O medo de perder, o medo de faltar, o medo de morrer, o medo de sofrer, mesmo.
E isso faz um giro.
E vocês creem ser isso.
Vocês se identificaram ao que temiam: a morte, o sofrimento e o próprio medo.
Como vocês querem sair daí?
Simplesmente, admitindo que vocês não são isso.
Aliás, o que acontece nos sofrimentos os mais intensos?
Vocês querem desaparecer, vocês querem juntar-se ao neant, para não mais ver o sofrimento, o medo, a doença e a morte.
Mas, o dia em que a morte chega, verdadeiramente, o que vocês dizem?: «eu quero viver».
Vocês estavam no Maya de suas crenças espirituais.
O Absoluto não pode entrar nesse jogo.
Ele sabe que ele não é o corpo, não como uma crença, mas como uma vivência, Real.
Enquanto há a crença em uma pessoa, há o medo, há o sofrimento e há o medo da morte.
Vocês não são essa pessoa.
Nada há a encontrar.
Há apenas a estabelecer-se no não Ser, no não Si, no Real, e todo o resto fará apenas passar.
E tudo o que passa não é real e não tem peso algum.
Se isso tem peso para vocês, é que vocês não estão Liberados.
O que esperam para Liberar-se?
Isso não é um objetivo que está no tempo.
Enquanto vocês creem que estão inscritos no tempo para Liberar-se, é a personalidade que se exprime.
O Absoluto não se importa com o tempo.
Ele sempre esteve aí.
Ele sempre estará aí, o que quer que vocês se tornem.
O medo faz apenas exprimir um apego à pessoa, ou seja, em algum lugar, vocês deram peso à pessoa, consistência, e vocês se sentem presos, tributários de uma pessoa que não existe.
Mudem de ponto de vista.
Saiam do teatro.
Não há teatro.
Não há mais pessoa do que medo.
Não há mundo.
Vocês São o Amor.
Vocês São o Absoluto, de toda a Eternidade.
Vocês são – como dizem alguns povos – um sonho, ou um pesadelo, para outros.
Mas nem o sonho nem o pesadelo duram.
Não o nutram.
Vocês são o Amor e o Absoluto.
É simples.
Tão simples, que o ego vai dizer-lhes que não é verdade.
Do ponto de vista dele, não é verdade.
De qual ponto de vista vocês se colocam?
Aquele do Amor ou aquele da pessoa?
Aquele da emoção ou aquele do Amor?
Tomem consciência disso e superem isso.
Não sejam apegados a nada.
Vocês São Absoluto.
Não dependam de nada.
O Absoluto não depende de nada.
Ocupem-se do que pede esse corpo, mas vocês não são ele.
Ocupem-se do que lhes pede essa vida, façam-no, mas vocês não são essa vida.
Quem lhes diz que vocês são obrigados a estar plenamente no que fazem?
O único modo de estar plenamente no que fazem é compreender que vocês não são o que vocês fazem.
Todo o resto é apenas uma implicação da personalidade e do ego.
Sempre.
E é permanente, dando uma impressão de que é real.
Mas vocês sabem, muito bem, que toda tarefa para, que toda relação para ou, em todo caso, é parada pela morte, o mais tardar.
Portanto, isso não tem qualquer sentido.
Pretender querer bem fazer as coisas é apenas um apego a mais à personalidade e, é claro, quando há esse apego, há o medo: medo de mal fazer, medo de esquecer, medo de enganar-se.
Vocês não são o medo.
O medo é uma secreção desse corpo de nutrição.
Vocês creem nisso, simplesmente porque estão sujeitos aos ditames dele, aos desejos e crenças dele, às ilusões dele.
E é assim que nasce o apego ao ilusório.
Superem isso, vocês nada são disso.
Questão: a refutação basta para criar o vazio necessário à emergência da Onda de Vida numa estrutura disfuncional?
Você fez, portanto, uma ligação entre a Onda de Vida e o Absoluto, entre a refutação e a Onda de Vida.
Eu esclareço que a Onda de Vida nasce no pé do guru: o guru é você.
A Onda de Vida chega nas zonas em que estão inscritas as dúvidas e os medos, aqueles da personalidade apegados a ela mesma, à persistência e à subsistência dela.
É nesse nível que se situa a refutação e não, propriamente falando, na própria Onda de Vida, mas, efetivamente, acima, no que são chamados os chacras que pertencem ao ilusório, ao efêmero, a esse corpo.
É, portanto, nesse nível que se situam os obstáculos inscritos, efetivamente, nos medos.
Agora, a questão que se coloca é de saber se alguém que tivesse sido amputado das duas pernas poderia ver nascer a Onda de Vida, uma vez que não têm mais pé.
A resposta é sim.
A Onda de Vida não se importa com estruturas existentes – funcionais ou não funcionais – ou não existentes.
A Onda de Vida nascerá, simplesmente, do lugar em que começa o corpo, o mais baixo.
Se não há mais perna, restam as coxas, e ela nascerá nesse nível.
O princípio de refutação não permite à Onda de Vida nascer, mas permite retirar os obstáculos ilusórios, chamados apegos à pessoa, ao corpo, às estruturas efêmeras, ao tempo.
É isso que retira os obstáculos existentes nesse nível.
A refutação não pode, de modo algum, fazer nascer a Onda de Vida.
A Onda de Vida aparece por si mesma, uma vez que é algo que não se importa com sua vontade, com sua pessoa, com seu corpo, mesmo se ela nasce ao nível dos pés (que é uma parte do corpo).
A Onda de Vida nasce, simplesmente, no ponto mais baixo localizado, presente, uma vez que, na Terra, ela vem do mais profundo da Terra.
A refutação concerne apenas ao que é inscrito na personalidade e sua construção: seu aspecto ilusório, que é de fazê-los crer em inúmeras coisas, em um conjunto de coisas que não têm substância, que não são reais.
A Onda de Vida para, simplesmente, em função de obstáculos encontrados.
Se não há mais obstáculo, a Onda de Vida dispara.
Ela percorre esse corpo ilusório.
E é a Onda de Vida, ela mesma que, efetivamente, põe fim ao ilusório.
Porque é ela que permite o acesso ao Absoluto.
São os obstáculos colocados no caminho que, de algum modo, devem ser retirados pela refutação.
Não existe qualquer estrutura disfuncional que seja uma causa à não subida da Onda de Vida.
A única coisa disfuncional é o conjunto de crenças e de apegos a esse corpo, seja ele intacto ou mutilado, nada muda.
Aí está o complemento de resposta que eu podia dar-lhe.
Nada há mais que eu possa dizer, uma vez que o restante foi dito.
Questão: a passagem da Porta Estreita (ponto OD do peito) é sempre dolorosa?
O fato de haver uma dor, nesse nível, quer dizer que sua consciência é levada ao corpo.
É claro que essas Portas foram-lhes comunicadas.
O Manto Azul da Graça, a Onda de Vida, a Passagem das Portas e o basculamento dessa Porta realizam-se, em definitivo, apenas se vocês soltam, em relação ao seu próprio corpo, ou seja, como eu disse, se vocês esquecem a Vibração, se esquecem o corpo, não como uma negação, mas, efetivamente, como uma consciência real de que vocês não são esse corpo, de que não são o que ali se desenrola e de que, mesmo os marcadores, dolorosos ou não, que são, geralmente, constantes, não devem afetá-los porque, se vocês levam sua consciência à dor, vocês dão peso a ela.
Como foi dito para a Onda de Vida: não se ocupem disso.
O Manto Azul da Graça age mais alto, mas em total sincronia, porque o ponto OD representa o que é chamado o elemento Terra, inscrito ao nível de seus pés.
A Terra é dor.
Esse corpo é dor, porque é construído sobre o princípio de resistência, sobre a dualidade, sobre o que vocês nomeiam fisiologia, com necessidades.
Tudo o que exprime uma necessidade é doloroso, nesse mundo.
Aqui, a dor traduz a Passagem: essa Passagem (que não é uma), a Porta Estreita, na qual não há solução de continuidade, nesse sentido.
Assim, portanto, o que posso aconselhá-lo é não atribuir crédito ao que lhe diz seu corpo.
Divirta-se, ria, não se ocupe desse corpo.
Vocês não estão mais nas etapas preliminares, que construíram os Anciões, que era de realizar o Si.
Hoje, vocês têm que desfazer-se disso.
Abandonem o Si para ser o não Si, portanto.
Vocês não devem mais atribuir importância ao que acontece no Si.
Isso não quer dizer renegar, desta vez, mas superar.
Não continuem fixos no efêmero.
A Alegria do Coração, o Samadhi, o Kundalini, os chacras são, para o Absoluto, uma ilusão.
Isso não quer dizer que eles não existem, em certo plano, bem mais sutil do que o corpo comum.
Mas é preciso, também, superar isso.
O único modo de superar isso, para isso, é não se ocupar disso.
As únicas coisas das quais vocês têm a ocupar-se, refutando-as, são as dúvidas e os medos.
O ponto OD, como vocês o nomeiam, a Porte OD, é sensível.
Ela representa os restos de apegos à pessoa, os restos de apegos ao espiritual, à matéria, às relações, aos apegos que fazem parte de toda vida.
Quanto mais a Onda de Vida sobe, quanto mais a Onda de Vida não encontra obstáculos – ao nível do que vocês chamam os dois primeiros chacras – mais a Onda de Vida não vai parar nos chacras de baixo.
A Onda de Vida vai ganhar o coração, daí, ganhar os membros, em seguida, ganhar a cabeça e a Onda vai percorrer o conjunto do corpo.
Naquele momento, vocês sabem que algo percorre o corpo, mas vocês não são a Onda de Vida, uma vez que a observam.
A um dado momento, vocês param de observar.
A um dado momento, vocês se tornam essa Onda de Vida, vocês não são mais o corpo.
Não há mais ponto de vista no corpo, há um ponto de vista na Onda de Vida.
E aí, naquele momento, vocês são Absoluto, não antes.
Todo ponto doloroso não exprime, necessariamente, uma dúvida ou um medo, no sentido dos dois primeiros chacras, mas, bem mais, um apego global à pessoa, à sua pessoa, à sua história.
Nós não estamos mais na dúvida e no medo, mas num problema de apego, o que é diferente. Mas a problemática, finalmente, em sua solução, é a mesma coisa: superar isso, vocês não são isso.
Progressivamente e à medida que as resistências oriundas, tanto de dúvidas como de medos ou, ainda, como nesse exemplo, de apegos à pessoa tornam-se menos presentes, a Onda de Vida ganha uma potência.
Vocês são, ainda, observadores e, a um momento, vocês não observam mais: vocês se tornaram a Onda de vida.
Naquele momento, o Absoluto está aí.
Nada mais pode limitá-los, nada mais pode constrangê-los.
Vocês não estão mais apegados, não são mais a dúvida, não são mais o medo.
Vocês são Absolutos.
Vocês são o Amor e a essência do Amor.
O mundo está em vocês, porque o mundo não existe.
Vocês são o mundo e além do mundo.
Vocês são, é claro, além do Si.
Não há mais sentido da história.
Vocês desempenham o papel, mas sabem que desempenham um papel.
Vocês sabem que não são esse papel, não como uma crença, mas, efetivamente, como uma vivência total e real.
Naquele momento, vocês são Liberados Vivos e, naquele momento, vocês podem jogar: vocês podem ser a pessoa, podem ser o Si, podem ser o não Si.
Vocês percorrem, livremente, o conjunto da gama possível sobre esse mundo, uma vez que vocês estão em uma forma.
Vocês não são essa forma, mas atuam nessa forma.
Isso não é similar a ser identificado, formal e totalmente, a essa forma.
Não é, unicamente, uma questão de ponto de vista, ainda menos de crença, mas, efetivamente, de vivência, além da própria experiência, se vocês fazem experiências.
Aquele que não é Liberado tem medo.
Aquele que não é Liberado está na dúvida.
Ele exprimirá, em um momento ou em outro, uma dualidade, sob uma forma ou sob outra.
O Liberado não tem dúvida, não tem medo, porque sabe que ele está em uma pessoa, mas que ele não é essa pessoa.
Ele sabe disso porque ele o vive e não porque ele o crê.
Ele tornou-se, a um dado momento, a Onda de Vida.
Ele é o Contentamento além do Samadhi.
Ele é a alegria além da Alegria, o que nós temos tendência a chamar de riso, mas não o riso sarcástico ou zombador, mas o riso do Absoluto, que é verdadeiro, contrariamente ao riso que caçoa.
Assim, viver a Onda de Vida, ondular na Onda de Vida, efetivamente, confere Absoluto.
Uma vez Absoluto, a ponte está estabelecida, o Desconhecido tornou-se conhecido, porque vivido, e, aí, vocês passam de um ao outro, sem qualquer problema,
Se o medo aparece, vocês se retiram do medo.
Vocês não são tributários de nada, vocês veem claramente, vocês saem da ilusão, mesmo se o corpo de ilusão ainda está aí.
Vocês não são mais afetados pelo que acontece a esse corpo, a esse mundo, como a essa Vida.
Vocês são leves, porque Liberados.
Naquele momento, mesmo se exista sofrimento, que se manifesta a um dado momento, mesmo em uma Porta, isso não significa uma volta atrás, uma vez que vocês não são mais, tampouco, identificados a essa Porta ou a esse chacra, do mesmo modo que vocês não são mais a dúvida e o medo.
Assim, portanto, sirva-se do ponto de apoio que representa a manifestação da queimação ou da dor, para conceber e viver que você não é, não mais, essa dor, e tudo ficará bem.
Questão: o Absoluto pode atualizar-se nesse corpo, enquanto o Si não foi realizado?
Sim.
Como eu o disse, é mesmo, hoje, mais fácil.
O princípio da Unidade, o princípio do Absoluto constrói-se por refutações sucessivas, de ilusões sucessivas, construídas no tempo.
E, portanto, o Si pôde ser considerado, com razão, como uma etapa.
Hoje, esse não é mais o caso.
Por que?
Porque a Terra está Liberada e a Onda de Vida está Liberada.
Ela pode percorrê-los novamente.
Quer o Si esteja aí ou não, não há qualquer importância.
A única importância resulta, em definitivo, da existência, ou não, de dúvidas e de medos, porque, o que quer que diga o Si, ele ali é inscrito, também, de dúvidas e de medos, que não têm o mesmo valor nem a mesma densidade do que no eu, mas que estão, entretanto, por vezes, presentes.
Raros são aqueles que realizaram o Si, que são capazes de aceitar a morte desse corpo, o que prova, efetivamente, que existem, ainda, dúvidas e medos: medo de perder os quadros, os limites, ou seja, a encarnação.
A Onda de vida não torna mais fácil ou mais difícil, conforme vocês tenham realizado ou não o Si.
São, simplesmente, os obstáculos encontrados pela Onda de Vida – ao nível do que foram nomeadas as dúvidas e os medos – que podem frear, de algum modo, a Onda de Vida.
Nada mais há
Quer vocês estejam no Si ou no eu, nada muda.
O Si é o Despertar do Coração.
Vocês podem ter o Coração aberto e ter chacras, como vocês dizem, que estão, ainda, bloqueados, ainda, não Liberados.
É a Liberação desses chacras que permite à Onda de Vida subir, observar a Onda de Vida e tornar-se a Onda de Vida.
Isso nada tem a ver com o eu ou com o Si.
O Si pode, por vezes, ser um obstáculo importante ao estabelecimento do não Si.
Existem eus e personalidades que não são habitados pela dúvida e o medo sem, contudo, terem realizado o Si.
Para essas personalidades, a Onda de Vida encontrará menos obstáculos e, encontrando menos obstáculos, então, haverá uma facilidade maior de viver Absoluto e de tornar-se Onda de Vida.
Num princípio dito evolutivo – que é falso, como vocês sabem – é lógico considerar que há estratos e etapas.
A etapa a mais lógica consiste em reconhecer as leis da alma, o carma, a reencarnação, em seguida, transcender as leis do carma e a lei de causalidade (porque pertencem, elas também, à personalidade e a esse mundo e, portanto, inscritas na ilusão), aceder a outro nível ou uma nova camada de verdades, percorrê-la, até refutá-la, ela também.
O princípio da refutação é uma refutação que se produz como cascas de cebola ou camadas de cebola.
Uma camada é vivida, desembaraça-se de uma camada, e vive-se outra camada.
Foi, frequentemente, o que era realizado antes que a Onda de Vida nascesse.
Hoje, é diferente.
Vocês são Absolutos.
Estou tentado, mesmo, a dizer-lhes, mesmo em relação à Onda de Vida, para não se interessarem, não levarem sua atenção sobre ela, continuarem a viver sua Vida (que não é o que vocês são), a fazer o que vocês têm a fazer, não porque vocês o decidiram, mas porque a Vida dá-lhes a fazer, sem ali atribuir a mínima importância (fazendo-o, mas sem ali estar apegado), viver desapegado (o que não quer dizer inativo ou ocioso).
Façam o que a vida pede-lhes para fazer, mas vocês não são esse fazer.
Mas o que se faz, deve fazer-se.
O que há a fazer, deve ser feito: é tudo.
A Onda de Vida nascerá, quer vocês queiram ou não, quer vocês a refutem ou não, porque é inevitável, quer vocês a aceitem ou não.
Então, por que ocupar-se do que é inevitável?
Do mesmo modo, por que ocupar-se desse corpo, que vai desaparecer, se não é para mantê-lo?
Colocar-se a questão da sobrevivência do que quer que seja é, já, afastar-se do Absoluto, porque o Absoluto não sobrevive, ele sempre esteve aí, vocês é que estão afastados dele, pouco importa o modo, pouco importam as causas.
É claro, é muito satisfatório encontrar causas e razões como intervenções exteriores. É claro que isso é verdadeiro: a falsificação existiu, ela foi real, mas não atribuam peso a ela.
A história passou e vocês não são a história.
Vocês não são os corpos que tomaram.
Vocês não são a alma que percorreu esse mundo.
Vocês não são mais o espírito que nasceu, a um dado momento.
Tudo isso é apenas do transitório, do efêmero.
Só é Real o Absoluto, porque ele não muda.
Poder-se-ia dizer – porque a imagem é sedutora – que vocês percorreram a periferia da roda e que, pouco a pouco, vocês se aproximaram do centro e que, a um dado momento, vocês se tornam o eixo da roda, ou seja, o que é imóvel, o que jamais se moveu.
Vocês não são mais a roda.
E, no estágio final, vocês não são mais, tampouco, o eixo, vocês são além disso.
As diferentes refutações sucessivas do corpo, das emoções, da alma, do espírito são etapas que, hoje, são transcendidas pelo restabelecimento da Onda de Vida.
Cabe a vocês ver.
O que vocês preferem?
Vocês têm necessidade de tempo?
Quem tem necessidade de tempo?
A personalidade, porque ela é inscrita no tempo.
O Absoluto não conhece o tempo, nem a história, ele não se importa com seu tempo, com suas histórias.
Ele é tudo, exceto a história.
Cabe a vocês ver, cabe a vocês decidir.
O Absoluto é simples, o relativo é complicado.
A verdade relativa leva-os aos caminhos da alma, aos caminhos do conhecimento ilusório, a projeções que vocês vão crer que chega um dia, mas não há dia, porque tudo já está aí.
O que vocês querem ser ou o que vocês querem não Ser?
Onde vocês se colocam?
Num lugar relativo ou num lugar Absoluto?
Reflitam.
Eu os engajo a colocarem-se as boas questões, porque a questão não requer, necessariamente, uma boa ou uma má resposta, mas vai mostrar-lhes, de maneira implícita, onde vocês se situam.
Se retomo uma das questões anteriores, quando a personalidade diz: o absoluto é o neant, é fácil ver onde se situa a pessoa que faz essa pergunta.
Não é um julgamento, mas é uma constatação do ponto de vista da pessoa.
Se vocês olham sua questão, vocês sabem onde vocês estão.
A primeira questão, que dizia: eu não compreendo três quartos do que me é dito, mostra o ponto de vista dessa pessoa.
O Absoluto não pode ser compreendido, ele pode apenas ser vivido.
A personalidade vai colocar certo número de qualificativos no Absoluto, que não tem qualquer realidade nem qualquer verdade, porque oriundos de suposições e de crenças, e não da experiência.
É o mesmo para toda questão.
A única questão que os conduzirá, talvez, mais facilmente, ao Absoluto, é esta: o que vocês eram antes de ser esse corpo e essa história?
E não me respondam: eu era outra Vida.
Vocês sabem quem vocês eram antes de estar aqui?
Vocês têm a pré-ciência disso?
Vocês têm a íntima convicção disso?
Vocês têm a experiência disso?
Se sim, então, vocês são Absoluto.
Porque, antes de ser esse corpo, antes de ser qualquer corpo, antes de estar presente em qualquer mundo, em qualquer Universo, é o que vocês eram e o que jamais deixaram de Ser.
Lembrem-se: não há passagem do conhecido para o Desconhecido.
É preciso refutar todo o conhecido e o desconhecido estará aí.
Depois, vocês poderão voltar a passar do Desconhecido ao conhecido, porque vocês traçaram uma passagem que não existia no primeiro sentido, mas que existe no segundo sentido.
O fato de ter uma forma não será mais incômodo para passar de um ao outro, porque existe um Absoluto sem forma e um Absoluto com forma.
Mas o Absoluto com forma é, pertinentemente, consciente de que a forma é transitória.
O Absoluto com forma não é identificado à forma.
Ele está na forma, mas ele não é dela prisioneiro, contrariamente àquele que não é Absoluto.
Não é uma questão de Vibração.
Não é uma questão de Si ou de não viver o Si, mas, efetivamente, de estabelecer-se no não Si que é, justamente, o Abandono do Si.
Vocês estão prontos a tudo perder?
Vocês estão prontos a enfrentar seu neant?
Se sim, vocês são Absoluto, se não, vocês não o são, ao menos vocês
o creem. Porque o Absoluto continua aí, quer vocês o vivam ou não, quer vocês o aceitem ou não, ele está aí.
Ele não depende de qualquer de suas cogitações, de qualquer de suas experiências, no Si ou no carma.
Ele não depende de qualquer de seus conhecimentos, que são apenas uma desordem que nutre o ego.
Por mais que vocês conheçam todos os mistérios do universo, vocês não serão, contudo, Absoluto.
Reflitam nisso.
O que vocês querem?
O que é que se desvenda, através de sua questão,
O que vocês querem?
O que é que se desvenda, através de sua questão,
independentemente de minha resposta?
Áudio da Mensagem em Português
Link para download: clique aqui
Mensagem de BIDI,
pelo site Autres Dimensions
em 07 de maio de 2012
Rendo Graças às fontes deste texto:
Versão do francês para o português:
Célia G. - http://leiturasdaluz.blogspot.com
http://despertardaluzinterior.blogspot.com.br/
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